PARIS (Reuters) - A França decidiu acabar com uma lei de mais de 30 anos que proibia homens gays de doar sangue, uma medida originalmente adotada para conter a disseminação de doenças como a Aids.
A ministra da Saúde, Marisol Touraine, afirmou nesta quarta-feira que a discriminação contra doadores de sangue em potencial com base na orientação sexual é inaceitável, pois presume que todos os homens gays têm HIV.
Depois de uma revisão da medida desde 2012, Marisol optou por acabar com a exclusão que estava em vigor desde 1983 e que foi depois reforçada três vezes.
"Doar sangue é um ato generoso que não pode ser condicionado pela orientação sexual", disse ela num discurso sobre o tema.
"Com base nas propostas que me foram feitas, eu decidi acabar com a exclusão na doação de sangue de homens que fazem sexo com homens."
Touraine afirmou que a doação de sangue por homens gays passaria a ser permitida na França a partir da próxima primavera (outono no Brasil) e que seria monitorada pelos parâmetros rigorosos já existentes.
Homens que não tiveram relação sexual ou que tiveram somente com um homem nos últimos quatro meses poderão doar sangue, declarou a ministra.
A França tem o maior índice de HIV entre homens gays na Europa. Metade dos novos infectados entre 2003 e 2008 são homens que tiveram sexo com outros homens, de acordo com a Corte de Justiça da União Europeia.
(Reportagem de John Irish)