PARIS (Reuters) - Geleiras em parte da Antártica começaram a derreter rapidamente, contribuindo ainda mais para o aumentando do nível do mar que ameaça os litorais e cidades de Nova York a Xangai, afirmou uma equipe de cientistas num estudo publicado nesta quinta-feira.
Outro especialista na área, no entanto, imediatamente lançou dúvidas sobre as conclusões, sugerindo que o estudo superestimou consideravelmente a taxa de perda de gelo.
As geleiras ao longo de um trecho da costa de cerca de 750 quilômetros na península Antártica, que se estende em direção à América do Sul, começaram a afinar de repente por volta de 2009, disse a equipe que produziu o estudo.
"Essa área está começando a perder gelo muito rapidamente... uma área onde não esperávamos que isso acontecesse", afirmou à Reuters o autor principal, Bert Wouters, da Universidade de Bristol, na Inglaterra. O estudo foi publicado na revista Science.
A equipe estimou que a água das geleiras na região estava agora adicionando 0,16 milímetro por ano aos níveis do mar, que estão aumentando em cerca de 3 milímetros por ano. De 2002 a 2010, o monitoramento por satélite indicou que as geleiras estavam ganhando neve e gelo tão rápido quanto estavam caindo no mar. Mas algo aconteceu por volta de 2009, acelerando o derretimento.
Os cientistas ligaram o degelo a mudanças nos ventos e correntes oceânicas, que têm sido associadas por outros estudos ao aquecimento global e à diminuição da camada de ozônio.
Mas o diretor do Centro de Observação Polar da Universidade de Leeds, Andy Shepherd, disse que os cálculos dos cientistas podem ter superestimado as mudanças na queda de neve.
"Eu acredito que as novas estimativas de perda de gelo computadas (a partir do afinamento do gelo) são elevadas demais, porque as geleiras neste setor não aceleraram tanto assim", declarou ele.
(Reportagem de Alister Doyle)