Por Piya Sinha-Roy
LOS ANGELES (Reuters) - Como uma das celebridades mais famosas de Hollywood, George Clooney não tem medo de usar sua posição para falar sobre assuntos próximos a ele, mas não espere que o ator entre na arena política em qualquer momento em breve.
“Eu sempre estive nos arredores ou envolvido na política, mas acredito que todos nós temos que participar de uma maneira ou de outra. Mas não, eu não vou entrar nela”, disse Clooney à Reuters.
“Eu não tenho que responder para nenhuma pessoa. Eu não tenho que fazer compromissos, eu posso apontar o dedo para quem eu penso que merece ser apontado”, acrescentou.
Em seu filme mais recente, “Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso”, Clooney dirige uma história de crime de humor negro ambientada na década de 1950, na qual aponta o dedo diretamente para as tensões raciais nos Estados Unidos dos dias de hoje, tendo como pano de fundo a história de uma família negra que se muda para um rico bairro de brancos.
“Eu penso que nós devemos constantemente falar sobre se construir muros ou não e usar minorias como bodes expiatórios é como nós queremos ser representados”, disse Clooney.
“Eu acho que a melhor maneira de fazer isto é nos lembrarmos que isto é algo que nós fazemos, que nós temos feito provavelmente desde o início de nosso país e que nós temos que pleitear isto constantemente”, acrescentou.
“Suburbicon”, que estreia nos cinemas dos EUA na sexta-feira, conta a história de Gardner Lodge (Matt Damon) após uma assustadora invasão à sua casa no subúrbio, que resulta na duvidosa morte de sua esposa.
Conforme a investigação sobre a tragédia se aprofunda, Gardner e Maggie, irmã gêmea de sua esposa e interpretada por Julianne Moore, se encontram em uma situação que foge rapidamente de controle.
“Este foi provavelmente o papel mais obscuro que eu já tive a chance de interpretar, o que é muito libertador”, disse Damon.
Clooney disse que embora existam “pessoas muito mais qualificadas para contar a história de afro-americanos no subúrbio em meados do século 20”, ele quis usar a história da família Mayers – baseada em uma família negra real que se mudou para o subúrbio branco de Levittown, Pensilvânia, em 1957 – para colocar uma luz sobre o absurdo do racismo.
Em diversas cenas, os moradores brancos da cidade dizem que embora não queiram que os afro-americanos sejam oprimidos, também não querem famílias negras em sua vizinhança.
“O ápice do privilégio branco é meu personagem andando pelo bairro em uma bicicleta coberta de sangue e assassinando pessoas e ninguém olhando para ele porque estão todos focados na família Mayers e culpando ela por todos seus problemas”, disse Damon.