BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal tem pela frente temas com os quais se preocupar no Congresso Nacional, mas conta com a maioria formada pela base aliada para vencer essas votações, disse nesta segunda-feira o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, após reunião de coordenação política da presidente Dilma Rousseff.
O ministro, que participa do núcleo de articulação do governo com parlamentares, acrescentou que o governo vai buscar um diálogo mais "profundo" e "sincero" com o Congresso no segundo semestre.
"Haverá temas com que o governo tenha que se preocupar? Mas é claro, óbvio", disse Padilha em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
"Por certo, nós temos que agir agora para que a gente tenha condições de politicamente fazer com que a base, que é numericamente muito vantajosa, ela se posicione de forma majoritária nessas votações", acrescentou.
Dentre os temas legislativos que exigirão muita negociação do Planalto para evitar derrotas estão o projeto que altera a meta do superávit primário, o restante das medidas já editadas para efetivar o ajuste fiscal e as contas do governo do ano passado que devem ser encaminhas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao Congresso assim que concluir sua análise.
CARGOS E CAPACIDADE DE DIÁLOGO
Além dessas previsões, existem as chamadas pautas "bomba" que podem ser reativadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo recentemente.
Padilha afirmou que a negociação com os parlamentares se dará em torno da responsabilidade política de cada um dos atores políticos, argumentando que os efeitos das pautas "bombásticas" poderão ser sentidos em governos posteriores, que podem eventualmente ser comandados pela atual oposição.
Além do diálogo, Padilha aposta na conclusão da distribuição de cargos para garantir o apoio da base, que por estar fragmentada diante do número de partidos, exige um esforço maior da articulação.
"A nossa pretensão é liquidar esse assunto (dos cargos), na pior das hipóteses, até o meio do mês de agosto", afirmou .
"A nossa capacidade de diálogo aumenta na medida em que a gente consiga atender aos interesses, que são republicanos."
O ministro argumentou, no entanto, que a distribuição de cargos ocorre em "qualquer país republicano democrático", e que aqueles que integram o governo querem "ajudar a governar".
CONTAS DO GOVERNO
Padilha considerou ainda que a visita do relator das contas do governo no TCU, ministro Augusto Nardes, a Cunha e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir agilidade nas votações de contas de gestões anteriores, ocorreu na "mais absoluta normalidade".
O ministro afirmou que o governo tem confiança que Nardes conduzirá seu relatório "baseado em argumentos técnicos" utilizados pelo tribunal.
Sobre o recente rompimento "pessoal" de Cunha com o governo, o ministro disse acreditar que o deputado manterá sua postura "institucional" enquanto presidente da Câmara.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)