Por Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha monitoraram comunicações e missões secretas da Força Aérea de Israel em uma operação de invasão de computadores realizada em 1998, de acordo com documentos atribuídos aos vazamentos feitos pelo ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos EUA Edward Snowden.
Israel manifestou desapontamento com as revelações, que foram publicadas nesta sexta-feira em três diferentes veículos de comunicação e podem agravar ainda mais as tensões nas relações com Washington, após anos de desentendimentos sobre questões envolvendo o Irã e os palestinos.
O jornal israelense Yedioth Ahronoth disse que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), especializada em vigilância eletrônica, e sua homóloga britânica, a GCHQ, espionaram missões da Força Aérea israelense contra a Faixa de Gaza, a Síria e o Irã.
A operação de espionagem, com o codinome "Anarchist", foi realizada a partir de uma base em Chipre e teve como alvo também outros países do Oriente Médio, segundo o jornal. As revelações foram feitas também pela revista alemã Der Spiegel e a publicação online The Intercept, que lista entre seus associados Glenn Greenwald, colaborador de Snowden.
"Esse acesso é indispensável para manter um entendimento sobre o treinamento e as operações militares israelenses, e assim dar um insight sobre possíveis desenvolvimentos na região", disse um relatório de 2008 da GCHQ, segundo a The Intercept.
Naquele ano, Israel entrou em guerra contra guerrilheiros do Hamas em Gaza, e começou a expressar ameaças cada vez mais exaltadas de atacar instalações militares iranianas, caso considerasse a diplomacia internacional insuficiente para impedir que seu arquiinimigo se tornasse capaz de fabricar uma bomba atômica.
Ao serem questionados, os EUA e a Grã-Bretanha disseram através de porta-vozes para suas embaixadas em Israel que não discutiriam temas diplomáticos publicamente.