BUENOS AIRES (Reuters) - Milhares de professores foram às ruas de Buenos Aires nesta segunda-feira, atrasando o primeiro dia de aula de milhões de crianças, para participar de uma greve nacional de dois dias exigindo um aumento de salário para compensar a inflação acentuada do ano passado.
A greve representa um teste para o governo do presidente de centro-direita argentino, Mauricio Macri, que vem se chocando cada vez mais com os sindicatos poderosos do país antes das eleições legislativas de outubro. A coalizão de Macri está contando com um sucesso na votação de meio de mandato para levar adiante sua agenda de reformas favoráveis ao empresariado.
O desfecho das negociações salariais anuais da Argentina está sendo observado de perto pelos economistas, já que aumentos muito acima da meta do Banco Central de 12-17 por cento de inflação para 2017 poderiam tornar mais difícil para o governo controlar a inflação.
A greve desta segunda-feira ocorreu porque sindicatos e muitos governos provinciais não conseguiram chegar a acordos salariais, e os professores exigem que os aumentos de salário compensem o poder de compra perdido em 2016, ano em que a inflação fechou perto dos 40 por cento.
"A greve é maciça em todo o país", disse Roberto Baradel, líder provincial de um sindicato de professores de Buenos Aires, em uma entrevista ao canal de televisão local Crónica.
Os professores da maior província de Buenos Aires vêm exigindo aumento de salário de 35 por cento para 2017, enquanto a governadora Maria Eugenia Vidal – aliada próxima de Macri – ofereceu 18 por cento.
Em um discurso feito no mês passado, o presidente do BC argentino, Federico Sturzenegger, disse que aumentos de salário "ligeiramente acima" da meta do banco não comprometeriam a capacidade da autoridade monetária de cumprir sua meta.
O sindicato dos bancários, visto como uma referência para o resto do setor privado, chegou a um acordo com seus patrões e obteve um aumento de salário de 24,3 por cento em fevereiro.
(Por Maximiliano Rizzi)