Por Julie Steenhuysen
CHICAGO (Reuters) - Médicos norte-americanos estão respondendo a uma série de chamadas de mulheres grávidas que recentemente viajaram a países afetados pelo Zika vírus e temem uma possível exposição à infecção transmitida por mosquito e ligada no Brasil a um aumento de casos de danos cerebrais em recém-nascidos.
Novas orientações nos Estados Unidos recomendam exame de sangue somente para grávidas com sintomas da infecção. No entanto, 80 por cento dos pacientes com Zika não apresentam sintomas, impedindo muitas mulheres de obterem a informação num prazo que as possibilite tomar uma decisão consciente sobre a criança em gestação, disseram experientes obstetras à Reuters nesta semana.
"Esses efeitos não vão necessariamente ser vistos no período em que a mãe pode decidir terminar com a gravidez", disse Natalie Meirowitz, médica de um centro em Long Island.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) está aconselhando as mulheres grávidas a não viajar para os 22 países e territórios da América Latina e do Caribe onde o Zika está causando infecções. A agência adicionou oito desses países à lista nesta sexta-feira.
O Brasil disse que o número de bebês nascidos com microcefalia, uma condição caracterizada pela cabeça de tamanho menor do que o normal, aumentou 10 por cento para 3.893 num período de dez dias. El Salvador fez um apelo para que as mulheres evitem ficar grávidas até 2018 devido ao vírus.
A Faculdade Americana de Obstetras e Ginecologistas estima que os seus membros têm recebido "centenas, se não milhares" de chamadas de pacientes que haviam viajado para regiões infectadas, disse uma porta-voz.
"Está consumindo as nossas vidas", afirmou a médica Laura Riley, presidente da Sociedade de Medicina Materna-Fetal e especialista em gravidez de alto risco.
O CDC está tentando determinar quantas grávidas podem ter viajado para regiões afetadas nos últimos meses. A agência divulgou orientações provisórias nesta semana aconselhando médicos a realizar exames de sangue somente em mulheres com os sintomas.
Alguns médicos estão preocupados que outras grávidas sob risco não seriam assim identificadas, já que 80 por cento das pessoas infectadas pelo Zika não apresentam sintomas.