(Reuters) - Grã-Bretanha deveria mudar seu campo de treinamento para a Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 para minimizar o risco de contágio do Zika vírus, disse o treinador da atual campeã do heptatlo, Jessica Ennis-Hill, acrescentando que não vai incentivar a atleta a defender o título.
Toni Minichiello declarou ao jornal britânico Times que irá conversar com o diretor de desempenho da equipe de atletismo de seu país, Neil Black, para decidir se o campo de 2,3 milhões de dólares pode ser montado fora de Belo Horizonte.
O Zika, que se disseminou no Brasil e foi ligado a casos de microcefalia (má-formação cerebral), está causando alarme mundial desde que se alastrou para além das Américas e desperta preocupações entre autoridades esportivas de todo o mundo no momento em que as delegações se preparam para a Rio 2016.
A Associação Olímpica Britânica (BOA, na sigla em inglês) comunicou que não pretende alterar seus planos para os Jogos entre os dias 5 e 21 de agosto.
"A BOA não tem outra prioridade maior do que a segurança e a saúde de seus atletas e delegação e, com base nas informações disponíveis neste momento os planos para a participação do time da Grã-Bretanha na Rio 2016 permanecem em curso", disse.
Em dezembro, Belo Horizonte declarou situação de emergência devido a uma infestação de mosquito Aedes aegypti, transmissor do Zika vírus.
"Deveríamos estar cogitando encontrar um campo que minimize o risco", disse Minichiello ao jornal londrino. "Os técnicos têm o dever de cuidar, e eu certamente não incentivaria um atleta a ir a qualquer lugar que pode ter efeitos de longo prazo".
Ennis-Hill foi o rosto dos Jogos de Londres de 2012. Ela se afastou em 2014, quando deu à luz a seu filho, Reggie, e voltou às competições internacionais em 2015, conquistando seu segundo título mundial. Atualmente ela está sofrendo com uma contusão no tendão de Aquiles.
O principal temor em relação ao Zika é a possível conexão do vírus com a microcefalia. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos (USOC, na sigla em inglês) disse a federações esportivas de seu país que atletas e funcionários preocupados com sua saúde deveriam cogitar não ir aos Jogos do Rio.
Na terça-feira, o presidente do Comitê Olímpico Nacional do Quênia, Kipchoge Keino, afirmou que sua delegação pode boicotar os Jogos por causa do Zika, embora mais tarde autoridades tenham dito ser cedo demais para determinar o impacto do vírus.
(Reportagem de Simon Jennings em Bengaluru)