Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - O grupo islâmico Hamas começou a entregar o controle das passagens de fronteira da Faixa de Gaza com Israel e o Egito ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, nesta quarta-feira, conforme um acordo mediado pelo Cairo para acabar com uma divisão interna de uma década entre os palestinos.
A medida representou a implantação mais concreta do acordo de reconciliação de 11 de outubro, que os palestinos torcem para amenizar as restrições econômicas impostas a Gaza e permitir negociações mais frutíferas para seu objetivo de criar um Estado independente.
Israel e os EUA têm reservas quanto ao pacto dos palestinos, dada a recusa do Hamas --que lutou três guerras com os israelenses desde que assumiu o comando de Gaza das mãos de Abbas em 2007-- a abrir mão de seus foguetes e outras armas.
Testemunhas disseram que funcionários da Autoridade Palestina, de Abbas, que tem apoio dos Estados Unidos, foram para as passagens de Erez e Kerem Shalom, na fronteira com Israel, e para a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e que suas contrapartes do Hamas empacotaram equipamentos e partiram de caminhão.
Em Rafah, grandes murais de Abbas e do presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, decoravam as entradas do salão de passaportes, e bandeiras palestinas e egípcias tremulavam sobre o complexo.
Citando preocupações com a segurança, Israel mantém restrições severas à movimentação de pessoas e bens nas passagens que compartilha com a Faixa de Gaza, incluindo uma proibição quase total a exportações do território.
O Egito, que já chegou a acusar o Hamas de auxiliar uma insurgência islâmica em sua península do Sinai, que faz fronteira com Gaza, manteve a passagem de Rafah fechada em grande parte. O Hamas nega as alegações e reforçou a segurança ao longo da divisa.
Ministros do governo de consenso nacional apoiado por Abbas começaram a se encarregar gradualmente de suas funções em Gaza nas últimas semanas, e na terça-feira assumiram as contas das rendas das passagens de Rafah e Kerem Shalom, disseram autoridades.
O Hamas usava essas rendas --impostos e taxas cobrados de mercadores e passageiros-- como parte de seu orçamento para Gaza para pagar os salários dos 40 mil a 50 mil funcionários que contratou desde 2007. Agora estes salários serão pagos pela Autoridade Palestina, mediante o acordo do Cairo.
O Hamas também mantém uma facção armada, que analistas afirmam contar com ao menos 25 mil combatentes bem equipados.