Por Lisa Barrington e Laila Bassam
BEIRUTE (Reuters) - Saad al-Hariri alertou no domingo que o Líbano corre risco de sofrer sanções de países do Golfo Pérsico devido à interferência do grupo xiita Hezbollah na região, e disse que voltará ao Líbano dentro de dias para confirmar que renunciou ao cargo de primeiro-ministro do país.
Em entrevista a uma emissora televisão, Hariri, aliado da Arábia Saudita, aventou a possibilidade de rescindir sua renúncia se o Hezbollah concordar em se manter longe de conflitos regionais como o do Iêmen, em seus primeiros comentários públicos desde que leu sua renúncia na TV em Riad oito dias atrás.
Hariri indicou que a subsistência de centenas de milhares de libaneses pode estar ameaçada, além do comércio, vital para a estabilidade da economia de sua nação. Ele disse que sua renúncia foi concebida como um "choque positivo" para seu país, que ele acredita estar em perigo.
Autoridades de alto escalão do governo libanês e fontes experientes próximas a Hariri acreditam que a Arábia Saudita coagiu o ex-premiê a renunciar e o submeteu à prisão domiciliar depois que ele voou para o país vizinho mais de uma semana atrás.
Antes da entrevista de Hariri, o presidente do Líbano, Michel Aoun, disse que a movimentação de Hariri na Arábia Saudita está sendo restringida, a primeira vez que autoridades libanesas declararam publicamente acreditar que Riad o está mantendo contra sua vontade. Hariri disse ser um homem livre.
A renúncia e sua repercussão lançaram o Líbano na linha de frente do conflito entre a sunita Arábia Saudita e o xiita Irã. Aoun se recusou a aceitar a demissão de Hariri a menos que ele a entregue no Líbano.
Hariri, que não voltou a seu país desde que anunciou sua renúncia surpreendente, disse ter saído em nome do interesse nacional libanês, repetindo que o Líbano precisa se ater a uma política de "desassociação" de conflitos regionais.
"Estou livremente no reino, e se quiser viajar amanhã, viajarei", disse ele sobre sua presença em solo saudita. Ele afirmou que voltará ao Líbano dentro de dois ou três dias.
Quando renunciou, em 4 de novembro, ele disse temer ser assassinado. Seu pai, que foi primeiro-ministro por muito tempo, foi morto por uma bomba em 2005. Hariri disse que precisa ter certeza de que sua segurança não foi violada antes de retornar.