Por Piya Sinha-Roy
LOS ANGELES (Reuters) - De rainha da Inglaterra a uma detetive durona e um punhado de agentes secretas impiedosas, a dama britânica Helen Mirren nunca foi uma mulher com quem se pode brincar, na tela ou fora dela.
Agora, a atriz vencedora do Oscar interpreta Hedda Hopper, uma notória colunista de fofocas de Hollywood, no drama "Trumbo", que entra em cartaz nos Estados Unidos na sexta-feira. O filme trata da Lista Negra de Hollywood de 1947, quando dez roteiristas e diretores, incluindo Dalton Trumbo (papel de Bryan Cranston), foram banidos e em alguns casos presos pelas suas associações com o Partido Comunista.
Helen Mirren, de 70 anos, falou à Reuters sobre Hedda Hopper e sobre como as mulheres em Hollywood precisam ser menos educadas.
Pergunta: O que te levou a fazer Hedda Hooper?
Resposta: Eu achei que o poder e aquela voracidade e aquela crueldade e a falta de vergonha disso – há jornalistas mulheres que até hoje mostram tipo de espírito similar. Há um certo tipo de mulher que toma um certo tipo de caminho no jornalismo.
P: Ela é realmente a vilã da história, trazendo a mentalidade enfurecida contra os comunistas de Hollywood. Como você entende as razões dela?
R: Hedda estava bem no centro de como pensava a ampla maioria dos norte-americanos. Ela não era uma anomalia ou uma figura cult. Ela não era o Tea Party, ou algo marginal, ela estava bem onde as pessoas estavam, saindo da Segunda Guerra Mundial, e ela entendia esse público muito bem.
P: Mas ela usou o poder dela para manipular?
R: Ela realmente sentiu que estava sendo patriota, assim como John Wayne.
P: Você sempre se preocupa bastante com o papel da mulher? Há uma mudança ocorrendo agora para as mulheres no cinema?
R: Eu digo isso desde quando eu tinha 25 – prestando atenção na mudança no papel da mulher na vida, e, assim como a noite segue o dia na minha profissão, na TV, teatro, filmes, os papéis da mulher vão mudar, e isso absolutamente aconteceu. Finalmente, levou muito tempo.
Eu acho que os escritores estão apenas começando a entender, e eu sempre disse, é fácil escrever um papel feminino. Basta escrever um papel masculino e colocar um nome de mulher, e, claro, eles estão fazendo isso agora, finalmente.
P: O que você achou do texto de Jennifer Lawrence sobre as diferenças salariais entre gêneros em Hollywood, e como a mulher deve ser confiante para pedir mais?
R: Eu achei fabuloso. Amei. Foi muito pessoal, e ela está certa. Nós somos muito educadas como mulheres.