Por Hyun Oh e Toru Hanai
HIROXIMA, Japão (Reuters) - Enquanto os sinos tocavam e milhares de pessoas inclinavam a cabeça em oração em Hiroxima nesta quinta-feira, em cerimônias que marcaram o 70º aniversário do primeiro bombardeio atômico do mundo, sobreviventes do ataque alertavam para o risco das ações do Japão para se distanciar de sua Constituição pacifista.
O primeiro-ministro Shinzo Abe e seu governo estão pressionando pela aprovação de projetos no campo da segurança, no Parlamento, que poderiam implicar no envio de tropas japonesas para conflitos pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o que tem provocado protestos em massa em todo o país.
Muitos que ainda têm na memória a guerra e suas consequências são mordazes sobre as medidas propostas por Abe para distanciar o país da Constituição pacifista e buscar uma posição mais ativa na questão da segurança. Sobreviventes do bombardeio criticaram Abe em uma reunião após a cerimônia de recordação.
"Esses projetos de lei trarão a tragédia da guerra para a nossa nação mais uma vez", disse Yukio Yoshioka, 86 anos. "Eles precisam ser retirados."
Em um discurso em uma cerimônia pela abolição das armas nucleares, Abe respondeu repetindo sua opinião de que a legislação é essencial para garantir a segurança do Japão.
Às 8h15, a hora exata da explosão da bomba em 6 de agosto de 1945, a multidão ficou parada por um momento de silêncio no pesado calor do verão e em meio à cantoria das cigarras enquanto o Sino da Paz tocava e centenas de pombas eram soltas
O prefeito de Hiroxima, Kazumi Matsui, pediu que as armas nucleares sejam suprimidas e exigiu a criação de sistemas de segurança que não dependa de poderio militar.
"Trabalhar com paciência e perseverança para alcançar esses sistema será vital e exigirá que promovamos em todo o mundo o caminho para a verdadeira paz revelado pelo pacifismo da Constituição japonesa", disse ele em um discurso.
O bombardeio de Hiroxima, que matou no total 140 mil pessoas, foi seguido pelo bombardeio atômico de Nagasaki em 9 de agosto de 1945, que matou cerca de 40.000 instantaneamente. A guerra terminou em 15 de agosto.