Por John Irish e Marine Pennetier
PARIS (Reuters) - O presidente francês, François Hollande, disse nesta terça-feira que a Turquia tem de fazer mais para enfrentar o Estado Islâmico na Síria e instou o país a restabelecer o diálogo com grupos curdos, depois de lançar ataques contra eles há mais de um mês.
Hollande fez seu discurso de política externa anual para embaixadores franceses um dia depois de o ministro das Relações Exteriores turco declarar à Reuters que a Turquia e os Estados Unidos vão lançar operações aéreas para expulsar o Estado Islâmico de uma área de fronteira no norte da Síria, algo que poderia ajudar a impedir que os militantes recebam combatentes e armas.
"Todas as partes atuantes precisam ser parte da solução. Estou pensando nos Estados árabes do Golfo e no Irã. Estou pensando em que a Turquia precisa estar envolvida na luta contra o Estado Islâmico e precisa reabrir o diálogo com os curdos", afirmou Hollande.
Críticos da Turquia dizem que o país tem usado o seu papel na coligação liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico para encobrir ataques a combatentes do grupo curdo PKK e brecar as ambições políticas e territoriais curdas. O governo turco diz que está realizando uma "guerra contra o terror sincronizado".
Hollande reiterou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, não poderia ser parte do futuro da Síria, mas disse não haver sinais de que uma transição política possa ser encontrada.
A França, que tem participado dos ataques aéreos contra o Estado Islâmico no Iraque, mas não na Síria, diz não haver há planos de mudar essa política.
Hollande também afirmou que o acordo alcançado com o Irã sobre seu programa nuclear abriu uma janela de oportunidade para incluí-lo na resolução de crises regionais, como a da Síria, na qual o país é o principal apoiador de Assad.