WASHINGTON (Reuters) - Um homem armado que fez ameaças ao juiz da Suprema Corte norte-americana Brett Kavanaugh foi preso, nesta quarta-feira, perto da casa do magistrado conservador em Maryland, um local que tem sido palco de protestos de defensores ao direito ao aborto nas últimas semanas, afirmou uma porta-voz do tribunal.
O homem foi preso e levado até uma delegacia no Condado de Montgomery, nos subúrbios de Washington, afirmou a porta-voz Patricia McCabe, sem identificar o homem.
Apoiadores do direito ao aborto realizaram protestos do lado de fora da casa de Kavanaugh e de pelo menos outros dois juízes da Suprema Corte e fizeram comícios do lado de fora do tribunal desde a publicação de um esboço vazado de uma decisão que mostra que a maioria conservadora da corte está inclinada a reverter a histórica decisão Roe vs. Wade, de 1973, que permitiu a legalização do aborto nos Estados Unidos.
O jornal Washington Post informou que o homem, que dizia ter cerca de 20 anos, estava irritado com o parecer vazado.
"Aproximadamente à 1h50 de hoje, um homem foi preso perto da residência do juiz Kavanaugh. O homem estava armado e fez ameaças contra o juiz Kavanaugh", disse McCabe.
Kavanaugh, indicado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump para a Suprema Corte, ocupa uma vaga no tribunal desde 2018.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos disse no dia 11 de maio que vai aumentar a segurança para os membros da Suprema Corte após a publicação do conteúdo.
O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, orientou o serviço federal U.S. Marshals a oferecer apoio adicional à atual força policial da corte, afirmou o departamento.
Apoiadores do direito ao aborto já realizaram manifestações em Washington e em outras cidades desde que a decisão foi vazada, inflamados com o fato de que um direito reconhecido há meio século pode ser retirado pelo número cada vez maior de juízes conservadores no tribunal.
O prédio da Suprema Corte foi rodeado por altas cercas pretas desde o vazamento desse parecer.
O esboço da decisão, de autoria do juiz conservador Samuel Alito e publicado pelo site Politico, pode manter uma lei do Estado do Mississippi que proíbe abortos após 15 semanas de gravidez e reverter a decisão que reconhece o direito constitucional de realizar um aborto.
(Reportagem de Lawrence Hurley)