HONG KONG (Reuters) - O mestre de kung fu Wong Yiu-Kau se encontra em um estúdio de Hong Kong e aguarda enquanto seu traje negro é coberto de cima a baixo com marcadores refletores para capturar cada um de seus movimentos.
As luzes são atenuadas e Wong inicia uma série de golpes de mão, bloqueios e movimentos de perna enquanto dois diretores observam seus gestos em telas de computador.
O mestre de 56 anos é parte do primeiro arquivo de artes marciais tridimensional do mundo, um projeto que pretende preservar digitalmente uma tradição que especialistas temem estar em risco de se perder para sempre.
"Quando era aprendiz, me ensinaram os movimentos e me deram um manual só para ler. Agora tem isso, onde é gravado e preservado com precisão", disse Wong, mestre do estilo de kung fu Dragão do Sul.
Existem centenas de estilos de luta diferentes classificados como kung fu, que ganhou enorme popularidade global graças a uma série de filmes protagonizados por Bruce Lee, ator nascido nos Estados Unidos e criado em Hong Kong que morreu em 1973.
Mas como o apelo do kung fu diminuiu nos últimos anos, seus praticantes se preocupam com a transmissão do legado das artes marciais para as próximas gerações.
O projeto de 3D, conhecido como Arquivo Vivo de Artes Marciais de Hong Kong, almeja capturar e preservar mais de 400 estilos diferentes de kung fu – cerca de 50 já foram registrados.
"Hong Kong é uma cidade muito importante no mundo das artes marciais chinesas", disse Hing Chao, diretor-executivo da Associação Guoshu de Hong Kong, um grupo de praticantes que trabalha no projeto com a Universidade da Cidade de Hong Kong. "Ela protegeu os recursos e até agora conseguiu preservar os tipos diferentes de artes marciais".