Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Autoridades de saúde palestinas pediram nesta quarta-feira um corredor humanitário para três hospitais no norte de Gaza, que estão perto de entrar em colapso, já que as tropas israelenses isolaram a área durante quase duas semanas de pesados combates contra o Hamas.
Os médicos dos hospitais Kamal Adwan, Al-Awda e Indonésia se recusaram a deixar seus pacientes, apesar das ordens de retirada emitidas pelos militares israelenses no início de uma grande investida na área de Jabalia, no norte de Gaza, há 12 dias.
"Estamos pedindo à comunidade internacional, à Cruz Vermelha e à Organização Mundial da Saúde que desempenhem seu papel humanitário, abrindo um corredor para nosso sistema de saúde e permitindo a entrada de combustível, suprimentos médicos, delegações e alimentos", disse Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan.
"Estamos falando de mais de 300 profissionais médicos trabalhando no Kamal Adwan Hospital e não podemos fornecer nem uma única refeição para que eles possam oferecer serviços médicos com segurança."
Jabalia, que abriga um dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, foi liberada no início da guerra pelas tropas israelenses que avançavam pelo norte de Gaza, mas os combatentes do Hamas se restabeleceram na região.
Autoridades de saúde palestinas disseram que a nova ofensiva israelense matou cerca de 350 palestinos em Jabalia e áreas próximas. Na Cidade de Gaza, nesta quarta-feira, um ataque aéreo israelense a uma casa matou 13 pessoas, segundo os médicos. Em sua atualização diária, o Ministério da Saúde de Gaza disse que os ataques militares israelenses mataram 65 palestinos em todo o enclave nas últimas 24 horas.
A terrível situação humanitária provocou alarme em todo o mundo, com os Estados Unidos emitindo um de seus mais fortes avisos a Israel de que precisa melhorar a situação ou enfrentará possíveis restrições à ajuda militar.
Os militares israelenses afirmam ter matado mais de 50 combatentes palestinos nos últimos dias em ataques aéreos e combates corpo a corpo, enquanto as tropas tentam erradicar as forças do Hamas que operam como guerrilheiros nos escombros.
O governo israelense ordenou que as pessoas deixassem o local para o que disse serem áreas mais seguras no sul, alimentando os temores entre os palestinos de que a iniciativa tem como objetivo retirá-los permanentemente do norte de Gaza como parte de um plano para controlar o enclave.
Israel negou que as ordens de retirada façam parte de um plano sistemático de limpeza, dizendo que foram emitidas para garantir a segurança das pessoas e separá-las dos militantes.