WASHINGTON (Reuters) - Michael Flynn, escolha do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, teve diversas conversas telefônicas com o embaixador russo em Washington no dia em que os EUA anunciaram retaliação pela interferência de Moscou na eleição presidencial norte-americana, disseram duas pessoas próximas ao assunto.
As conversas aparentam levantar novas perguntas sobre contatos entre assessores de Trump e autoridades russas, em um momento em que agências de inteligência dos EUA dizem que Moscou realizou uma campanha de hacking e outras ações para impulsionar as chances de vitória de Trump sobre a democrata Hillary Clinton na eleição presidencial norte-americana.
Em 29 de dezembro, o presidente Barack Obama ordenou a expulsão de 35 possíveis espiões russos e impôs sanções contra duas agências de inteligência russas pelo envolvimento no ataque cibernético a grupos políticos norte-americanos na eleição de 2016.
Não é certo se Flynn e o embaixador russo Sergei Kislyak conversaram sobre as sanções.
Uma lei norte-americana do século 18, o Ato Logan, proíbe cidadãos não autorizados a negociar com governos estrangeiros que estão em litígio com os Estados Unidos.
As conversas telefônicas foram inicialmente relatadas pelo colunista David Ignatius, do Washington Post.
Um porta-voz de Trump disse nesta sexta-feira que Flynn atendeu uma ligação do embaixador russo no mês passado e conversou sobre organizar uma ligação entre o presidente eleito e o presidente russo, Vladimir Putin, após Trump assumir a Presidência, em 20 de janeiro.
“A conversa girou em torno da logística para organizar uma ligação entre o presidente da Rússia e o presidente eleito após ele assumir e eles trocaram informações logísticas sobre como iniciar e marcar a ligação. Foi isto, claro e simples”, disse o porta-voz Sean Spicer a repórteres.
Spicer disse que o telefonema ocorreu em 28 de dezembro. Ele disse que a ligação aconteceu depois de troca de mensagens de texto iniciada por Flynn no dia de Natal, na qual ele desejou ao embaixador um feliz Natal e disse estar ansioso para “estar em contato com você e trabalhar com você”.
As duas pessoas próximas ao assunto, que falaram sob condição de anonimato, disseram que diversas ligações entre Flynn e Kislyak ocorreram em 29 de dezembro, no dia do anúncio de Obama.
A equipe de transição não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre se Flynn e o embaixador russo conversaram em 29 de dezembro.
Procurado para comentários, Alexey Mosin, porta-voz da Embaixada Russa em Washington, disse que “a embaixada não comenta sobre contatos múltiplos, que são realizados em base diária com interlocutores locais”.
(Reportagem de Jonathan Landay, Warren Strobel e Susan Heavey)