(Reuters) - A decisão dos Estados Unidos de revogar as isenções de sanções que permitiam que empresas estrangeiras trabalhassem em instalações nucleares do Irã não afetará o programa nuclear iraniano, disse a Organização de Energia Atômica da República Islâmica nesta quinta-feira.
Na quarta-feira, os EUA disseram que suspenderão as dispensas, graças às quais empresas russas, chinesas e europeias realizaram obras em instalações nucleares iranianas.
O papel das companhias estrangeiras foi combinado no acordo nuclear de Teerã com potências mundiais em 2015, e intencionava ajudar a garantir que o programa nuclear do Irã não fosse usado para a fabricação de armas.
"O final das isenções para a cooperação nuclear conforme (o acordo nuclear) não terá, na prática, nenhum efeito no trabalho do Irã", disse o porta-voz da organização nuclerar iraniana, Behrouz Kamalvandi, em comentários relatados pela agência de notícias Isna. "É claro que a América quer que suas ações tenham um efeito alinhado à pressão sobre o Irã, mas, na prática, nada acontecerá".
Segundo o pacto de 2015, o Irã aceitou limites em seu programa nuclear em troca do alívio das sanções. O presidente dos EUA, Donald Trump, retirou seu país do acordo em 2018, e desde então reativou as sanções. Já o Irã reduziu seus compromissos com o pacto, mas diz que ainda cumpre seus termos gerais.
As isenções, que autoridades dizem expirar no dia 27 de julho, cobriam a conversão do reator de pesquisa de água pesada de Arak, o fornecimento de urânio enriquecido a seu Reator de Pesquisa de Teerã e a transferência de combustível de reatores usado e descartado para o exterior.
Conforme o acordo de 2015, o Irã concordou em desligar seu reator de Arak, situado cerca de 250 quilômetros ao sudoeste de Teerã. O país teve permissão para produzir uma quantidade limitada de água pesada. Teerã está trabalhando em uma adaptação do reator e diz que ele fabricará isótopos para uso medicinal e agrícola.
O trabalho na adaptação do reator de Arak continua, embora em ritmo lento, por causa das sanções e de problemas no cumprimento do acordo nuclear, disse Kamalvandi.
(Por Babak Dehghanpisheh)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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