DUBAI (Reuters) - O Irã precisa lidar de maneira decisiva com os protestos que tomaram conta do país após a morte sob custódia de uma mulher detida pela polícia da moralidade da República Islâmica, disse o presidente Ebrahim Raisi neste sábado.
Trinta e cinco pessoas foram mortas em manifestações que duraram toda a semana, segundo a televisão estatal do Irã. Os protestos se espalharam pela maioria das 31 províncias do país.
Na sexta-feira, comícios organizados pelo governo ocorreram várias cidades do país em oposição aos protestos anti-governo, e o Exército prometeu reprimir os inimigos por trás do movimento.
A imprensa estatal citou Raisi dizendo que o Irã precisa "lidar de maneira decidida com aqueles que se opõem à tranquilidade e segurança do país".
Raisi falou por telefone com a família de um membro da força voluntária Basij, que foi morto enquanto participava da repressão aos protestos na cidade de Mashhad, no nordeste.
O presidente "sublinhou a necessidade de diferenciar entre protestos e perturbação da ordem e da segurança pública e chamou os eventos de...tumultos", segundo a imprensa estatal.
Os protestos eclodiram no noroeste do Irã uma semana atrás durante o funeral de Mahsa Amini, mulher curda de 22 anos que entrou e com e morreu após ser detida pela polícia da moralidade por descumprir leis de hijab sobre vestimentas das mulheres.
A morte reacendeu a irritação por assuntos como restrições às liberdades individuais no Irã, o código de vestimenta rígido às mulheres e uma economia que sofre com sanções.
As mulheres tiveram papel proeminente nos protestos, acenando e queimando seus véus. Algumas cortaram seus cabelos em público, enquanto multidões furiosas pediam a queda do líder supremo aiatolá Ali Khamenei.
São os maiores protestos no país desde os desencadeados pelo preço do combustível, em 2019, quando a Reuters publicou que 1.500 pessoas foram mortas na repressão aos manifestantes. Foi o confronto mais sangrento da história da República Islâmica.
Agências de notícias iranianas publicaram neste sábado que 739 manifestantes foram detidos na província de Gilan.
A conta ativista de Twitter 1500tasvir, que tem 125.000 seguidores, disse que os canais de comunicação com a cidade de Oshnavieh, foram cortados e telefones não estavam funcionando.
Oshnavieh foi uma das muitas cidades no Irã, onde mora a maioria dos 10 milhões de curdos do país, que tiveram greve na sexta-feira. O grupo que advoga direitos dos curdos, Hengaw, publicou um vídeo que mostraria manifestantes controlando partes da cidade na sexta-feira. A Reuters não conseguiu verificar a autenticidade do vídeo.
(Escrito por Dominic Evans)