BAGDÁ (Reuters) - Os repetidos ataques dos Estados Unidos a grupos armados apoiados pelo Irã no Iraque estão pressionando o governo de Bagdá a encerrar a missão da coalizão liderada pelos EUA no país, disse o porta-voz militar do primeiro-ministro nesta quinta-feira.
Os militares dos EUA disseram que um desses ataques, na quarta-feira, matou um comandante do Kataib Hezbollah, um grupo armado apoiado pelo Irã no Iraque, que o Pentágono culpou por atacar suas tropas.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, descreveu o ataque dos EUA como "um exemplo claro do terrorismo de Estado americano" e uma violação da soberania e da integridade territorial do Iraque.
Yahya Rasool, porta-voz militar do primeiro-ministro iraquiano Shia al-Sudani, disse em um comunicado que a coalizão liderada pelos EUA "tornou-se um fator de instabilidade e ameaça envolver o Iraque no ciclo de conflitos".
As conversações sobre o futuro da coalizão começaram em janeiro, mas menos de 24 horas depois três soldados norte-americanos foram mortos em um ataque na Jordânia que, segundo os Estados Unidos, foi realizado por grupos militantes apoiados pelo Irã na Síria e no Iraque.
Desde então, as conversações foram interrompidas, e o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein, solicitou a retomada em uma ligação telefônica com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na terça-feira.
Quaisquer discussões sobre o futuro da coalizão devem levar meses, se não mais.
A coalizão militar internacional liderada pelos EUA no Iraque foi criada para combater o Estado Islâmico. Os Estados Unidos têm 2.500 soldados no Iraque, aconselhando e auxiliando as forças locais para evitar o ressurgimento do grupo.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas em Gaza, em outubro, o Iraque e a Síria têm testemunhado ataques quase diários entre grupos armados de linha dura apoiados pelo Irã e as forças dos EUA estacionadas na região.
(Reportagem de Nayera Abdallah e Timour Azhari)