Por Maher Chmaytelli
BAGDÁ (Reuters) - O Iraque enviou o seu ministro do Exterior para Teerã nesta quarta-feira com uma oferta para mediar a disputa entre a Arábia Saudita e o Irã, indicando os temores de Bagdá de que um novo conflito sectário possa prejudicar a sua campanha contra o Estado Islâmico.
A execução pela sunita Arábia Saudita do dissidente xiita Nimr al-Nimr no sábado inflamou a ira sectária no Oriente Médio, enfurecendo o Irã, o principal poder muçulmano xiita na região. Depois que manifestantes atacaram a embaixada saudita no Irã, Riad e alguns dos seus aliados cortaram relações diplomáticas com Teerã.
O Iraque, onde um governo liderado pelos xiitas tenta urgentemente se aproximar da minoria sunita à medida que busca reconquistar o território controlado pelos militantes do Estado Islâmico, é particularmente vulnerável a qualquer aumento das hostilidades entre os dois grupos muçulmanos.
Uma poderosa milícia xiita apoiada pelo Irã pediu que o primeiro-ministro iraquiano, Haidar al-Abadi, um xiita cuja credibilidade depende dos esforços de reconciliação com os sunitas, fechasse a embaixada saudita que reabriu no mês passado depois de décadas de relações difíceis. Milhares de xiitas se reuniram no centro de Bagdá nesta quarta, cantando refrãos contra a família que governa a Arábia Saudita.
Abadi enviou o ministro Ibrahim al-Jaafari para Teerã para ajudar a acalmar a crise. Falando com o ministro iraniano da sua pasta, Mohammad Javad Zarif, Jaafari afirmou que a disputa poderia ter "repercussões amplas".
"Temos relações sólidas com a República Islâmica (Irã) e também temos relações com os nossos irmãos árabes e assim não podemos ficar em silêncio nessa crise", disse Jaafari à imprensa em Teerã.
(Reportagem adicional de Bozorgmehr Sharafedin, Saif Hameed, Stephen Kalin e Aref Mohammed)