QARAQOSH, Iraque (Reuters) - Centenas de cristãos foram à cidade iraquiana de Qaraqosh para celebrar o Domingo de Ramos pela primeira vez em três anos, se reunindo em uma igreja incendiada pelo Estado Islâmico e realizando a comunhão nos destroços de seu altar.
Em outubro, forças iraquianas expulsaram militantes islâmicos sunitas de Qaraqosh, como parte de uma campanha para retomar Mosul, a segunda maior cidade do país que está sitiada pelo grupo desde junho de 2014.
Maior comunidade cristã do Iraque até a chegada dos militantes, Qaraqosh se tornou uma cidade fantasma, uma vez que a maior parte dos moradores ainda está com muito medo de retornar, com a batalha por Mosul, a 20 kilômetros de distância, ainda acontecendo.
Mas no domingo os sinos da igreja ecoaram pela cidade.
Centenas chegaram em carros vindos de Erbil, a principal cidade do autônomo Kurdistão Iraquiano, para onde a maioria dos cristãos fugiu quando o Estado Islâmico lhes deu um ultimato para pagar impostos especiais, se converterem ou morrerem.
"Precisamos de reconciliação", disse o Arcebispo Católico Siríaco de Mosul, Butrus Moshe, aos fieis na Igreja da Imaculada Conceição, protegida por jipes do exército.
O Estado Islâmico visou minorias no Iraque e na Síria, colocando fogo em igrejas.
Palavras de ordem do Estado Islâmico ainda podiam ser vistas rabiscadas nas paredes da igreja, enquanto livros de oração destruídos enchiam o chão.
Escoltada por soldados carregando rifles, a congregação caminhou por Qaraqosh para o Domingo de Ramos que dá início à Semana Santa, que culmina no Domingo de Páscoa, segurando um cartaz em que se lia "em tempos de guerra, nós trazemos paz".
A cristandade no norte do Iraque remete ao primeiro século DC.
O número de cristãos caiu acentuadamente durante os tempos de violência que se seguiram após a deposição de Saddam Hussein em 2003 e a tomada de Mosul pelo Estado Islâmico expulsou os cristão da cidade pela primeira vez em dois milênios.
(Por Ulf Laessing)