Por Dan Williams e Gleb Stolyarov
JERUSALÉM/MOSCOU (Reuters) - Israel abateu um drone da Síria que invadiu seu espaço aéreo nesta quarta-feira, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamando a atenção para uma escalada na volatilidade perto da fronteira, que foi tema de debate em Moscou com o maior aliado de Damasco.
"Um drone penetrou o território israelense vindo do território sírio horas atrás. Foi abatido com sucesso. E eu gostaria de ressaltar que frustraremos quaisquer tentativas de violar nossa fronteira aérea ou terrestre", disse Netanyahu nesta quarta-feira ao se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin.
Foi a segunda vez em menos de três semanas que Israel disse ter disparado um míssil Patriot contra uma aeronave de controle remoto que voou através da fronteira. A tensão aumentou na divisa porque as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, vêm avançando em sua direção em meio a uma ofensiva contra rebeldes.
O drone, que parecia estar desarmado e ser concebido para vigilância e que também sobrevoou a Jordânia, foi derrubado perto do Mar da Galileia, no sopé das Colinas de Golã, disse o porta-voz militar israelense, tenente-coronel Jonathan Conricus.
"Ainda estamos analisando por que ele cruzou --se estava em uma missão militar e cruzou de propósito ou se ele se extraviou", disse, mas acrescentando que esta última situação "não é comum".
Israel se encontra em estado de alerta enquanto as forças de Damasco arremetem contra rebeldes nos arredores de Golã, grande parte do qual o Estado judeu capturou da Síria em 1967 e anexou, uma medida sem respaldo internacional. Israel teme que Assad deixe seus aliados do Irã e do Hezbollah fincarem posições perto de suas linhas.
Netanyahu disse à Rússia nesta quarta-feira que Israel não pretende ameaçar o governo do presidente sírio, e pediu a Moscou que trabalhe para remover as forças iranianas da Síria, disse uma autoridade israelense.
"Não tomaremos medidas contra o regime de Assad, e você vai tirar os iranianos", disse Netanyahu a Putin durante uma reunião em Moscou, segundo a fonte, que pediu anonimato.
A Rússia já está trabalhando para distanciar as forças iranianas das áreas da Síria perto das colinas de Golã, ocupadas por Israel, e propôs que fossem mantidas a 80 quilômetros de distância, mas isso ficou aquém da demanda de Israel por uma saída completa, disse a autoridade.
A Rússia é a grande fiadora de Assad na guerra civil de sete anos. No passado Putin fez vista grossa a ataques israelenses contra alvos iranianos e do Hezbollah na Síria, mas deixando claro que Moscou não quer ver o governo Assad sob risco.
"Valorizo muito o contato direto, sem mediação e excelente que tenho com o presidente russo", disse o premiê israelense.
Israel ameaçou abrir fogo contra qualquer força do governo sírio que tente se movimentar em uma zona-tampão desmilitarizada de Golã criada como parte de um armistício de 1974 monitorado pela Organização das Nações Unidas (ONU). No mês passado a ONU renovou o mandato da Undof, sua força de observação de Golã, e nesta quarta-feira pediu a todas as partes que respeitem os termos do armistício em vigor há 44 anos.
(Reportagem adicional de Michelle Nichols, na ONU)