Por Nidal al-Mughrabi e Rami Ayyub
GAZA/JERUSÁLEM (Reuters) - Israel e o grupo Hamas clamaram vitória nesta sexta-feira depois de suas forças encerrarem 11 dias de combates, mas autoridades humanitárias alertaram que levará anos para reparar os danos em Gaza.
Enquanto palestinos e israelenses começavam a avaliar a extensão dos estragos, um morador de Gaza disse que seu bairro parecia ter sido atingido por um tsunami. "Como o mundo pode se chamar de civilizado?", indagou Abu Ali ao lado dos destroços de um bloco de torres de 14 andares.
Autoridades palestinas estimam o custo da reconstrução de Gaza em dezenas de milhões de dólares, e economistas disseram que o confronto pode prejudicar a recuperação econômica israelense da pandemia de Covid-19.
Mais cinco corpos foram retirados dos escombros em Gaza, o que eleva o total de mortes a 248, incluindo 66 crianças, e os feridos passam de 1.900.
Os militares israelenses disseram que um soldado de seu país foi morto, além de 12 civis, e centenas de pessoas foram tratadas de ferimentos resultantes de ataques com foguetes que causaram pânico e fizeram as pessoas fugirem para abrigos até em locais distantes como Tel Aviv.
Margaret Harris, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que as instalações de saúde de Gaza correm o risco de ficar sobrecarregadas pelos milhares de feridos.
Ela pediu acesso imediato de suprimentos e pessoal de saúde à Faixa de Gaza. "Os verdadeiros desafios são os fechamentos", disse ela em uma entrevista coletiva virtual da Organização das Nações Unidas (ONU).
Há anos Gaza está sujeita a um bloqueio israelense que restringe a passagem de pessoas e bens, além de restrições do Egito.
Os dois países citam os temores de que armas cheguem ao Hamas, o grupo islâmico que controla Gaza e comandou os ataques com foguetes. Os palestinos dizem que as restrições equivalem à punição coletiva dos dois milhões de habitantes de Gaza.
DUELO
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um discurso na televisão aos israelenses, dizendo que a operação prejudicou a capacidade do Hamas de lançar mísseis contra Israel.
Ele disse que Israel destruiu a extensa rede de túneis do Hamas, suas fábricas de foguetes, laboratórios de armas e instalações de armazenamento, e matou mais de 200 militantes, incluindo 25 figuras importantes.
"O Hamas não pode mais se esconder. É uma grande conquista para Israel", afirmou ele.
Já o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, considerou a batalha uma resistência bem-sucedida a um inimigo militar e economicamente mais forte.
"Vamos reconstruir o que a ocupação (Israel) destruiu e restaurar nossas capacidades", disse ele, "e não abandonaremos nossas obrigações e deveres para com as famílias dos mártires, dos feridos e daqueles cujas casas foram destruídas."