JERUSALÉM (Reuters) - Israel assinou um acordo de 15 anos no valor de 775 milhões com a Autoridade Palestina nesta terça-feira para entregar o fornecimento de energia dos palestinos da Cisjordânia aos cuidados da entidade e construir quatro usinas elétricas para esse fim, disseram autoridades.
Atualmente os quase três milhões de palestinos que moram no território ocupado por Israel dependem do Estado judeu para ter eletricidade, e a vizinha Jordânia fornece energia para a área de Jericó, no vale do rio Jordão.
O acordo não se aplica à Faixa de Gaza, cujos dois milhões de palestinos sofrem blecautes frequentes devido à carência grave de combustíveis e das disputas contínuas pelo compartilhamento da energia entre o Hamas, grupo islâmico que comanda Gaza, e a Autoridade Palestina sediada na Cisjordânia.
Como parte do novo pacto, a Autoridade Palestina saldará uma dívida de 915 milhões de shekel com a estatal de energia Israel Electric Corp (IEC) e assumirá o fornecimento de eletricidade para os palestinos da Cisjordânia.
A IEC venderá energia para a Palestinian Electricity Transmission Company (PETL) por meio de quatro usinas elétricas a serem construídas pelas duas empresas. A PETL será a proprietária das usinas e canalizará o fornecimento de eletricidade.
"O acordo... liberta o setor elétrico palestino do controle israelense completo, que durou décadas", disse um comunicado emitido em nome de Hussein Al-Sheikh, chefe da agência de assuntos civis da Autoridade Palestina.
O ministro da Energia israelense, Yuval Steinitz, disse que o acordo abre caminho para os palestinos desenvolverem uma rede elétrica moderna.
"(O acordo) cria uma nova realidade no setor elétrico dos palestinos, reduz as restrições do fornecimento de eletricidade, fortalece a estabilidade econômica... e inaugura uma nova era de relações econômicas entre os dois lados", disse o diretor-geral do Ministério das Finanças de Israel, Shai Babad.
Os palestinos de Gaza, um enclave litorâneo empobrecido em grande parte bloqueado por Israel, sofre até 18 horas diárias de cortes de energia devido à escassez de combustíveis. A eletricidade que Gaza recebe de Israel, do Egito e de uma usina local continua sendo menos da metade dos estimados 600 megawatts que satisfariam suas necessidades diárias.
As conversas sobre um Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza estão interrompidas desde 2014, e Israel e a Autoridade Palestina vêm discutindo constantemente sobre dívidas em aberto da entidade com a IEC. O pacto inclui o pagamento de uma caução e um mecanismo de garantia para que a IEC seja paga.