Por Nidal al-Mughrabi e Dan Williams
CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Aviões e tanques israelenses atacaram diversas localidades na Faixa de Gaza, disseram moradores, enquanto o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, se reunia neste domingo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em meio a apelos dos Estados Unidos por uma campanha militar mais focada.
A expectativa é que Sullivan pressione Israel para que ataque os militantes do Hamas de forma direcionada, e não com ofensivas em grande escala à cidade de Rafah, no sul de Gaza, disse a Casa Branca antes das discussões.
Israel tem invadido a cidade que é o último bastião das forças do Hamas. Centenas de milhares de palestinos fugiram da região que era um dos poucos locais de refúgio que ainda restavam.
“Em toda a Faixa de Gaza não há um só lugar seguro”, disse Majid Omran, que afirmou à Reuters que sua família fugiu de Rafah e acabou de retornar ao que restou de sua casa na cidade de Khan Younis, no sul, de onde eles fugiram há quase cinco meses.
"Pegamos nossos filhos, netos e filhas e viemos morar acima dos escombros de nossa casa. Porque não há lugar para nos refugiarmos aqui", disse Omran à Reuters dentro da propriedade destruída enquanto uma mulher cozinhava no fogo.
As forças israelenses também avançaram mais profundamente nas estreitas vielas de Jabalia, no norte de Gaza, durante a noite e neste domingo, retornando a uma área que disseram ter destruído no início do conflito, disseram moradores.
Os militares israelenses afirmaram que as suas operações em Jabalia -- o maior dos oito campos históricos de refugiados -- são precisas e têm como objetivo impedir o Hamas de restabelecer o seu domínio ali.
Os militares israelenses disseram que estavam "operando para identificar células terroristas armadas e... conduzindo dezenas de ataques para ajudar as forças que operam no terreno" em Jabalia.
CONVERSAS, TÚNEIS, AMEAÇAS
Antes das conversas deste domingo, uma autoridade israelense disse que Netanyahu e seus principais assessores tentariam chegar a um acordo com Sullivan sobre a necessidade de prosseguir com o ataque em Rafah.
As dúvidas dos EUA que existiam sobre a viabilidade das medidas humanitárias de Israel podem ter sido dissipadas pela evacuação de cerca de metade dos palestinos da cidade em 12 dias, disse a autoridade à Reuters, sob condição de anonimato.
"Mostramos que isso não é apenas necessário, mas factível", acrescentou.
A autoridade disse que Israel também expressou preocupações sobre dezenas de túneis que suas forças armadas teriam encontrado em Rafah, com direção para o vizinho Egito.
"Esses túneis são usados pelo Hamas para se abastecer de armas e munições, e poderiam potencialmente ser usados para contrabandear para fora de Gaza reféns ou agentes importantes do Hamas", disse o vice-procurador do Estado israelense, Noam Gilad, durante uma audiência em Haia na sexta-feira, em um raro detalhamento de alegações que o serviço de informação estatal do Egito classificou anteriormente como falsas.
(Por Nidal al-Mughrabi; reportagem adicional de Dan Williams em Jerusalém e Mohammed Salem em Gaza)