Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - A prefeitura de Jerusalém cancelou uma votação prevista para esta quarta-feira a respeito de solicitações para construir quase 500 casas novas para israelenses em Jerusalém Oriental, disse uma autoridade municipal, depois que os planos provocaram críticas dos Estados Unidos em meio a uma disputa acirrada a respeito dos assentamentos.
O assentamento proposto é parte de uma atividade de construção que na sexta-feira o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu ser interrompida por meio de uma resolução tornada possível graças à abstenção dos EUA.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu que a decisão seja adiada, disse Hanan Rubin, membro do Comitê de Planejamento e Habitação de Jerusalém, horas antes de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, fazer um discurso no qual irá delinear sua visão para o fim do conflito israelo-palestino.
Um porta-voz de Netanyahu não comentou de imediato.
Rubin disse que 492 permissões de construção de casas para israelenses nos assentamentos urbanos de Ramot e Ramat Shlomo, situados em áreas que Israel capturou na Guerra dos Seis Dias de 1967 e anexou a Jerusalém, foram submetidas a aprovação.
Na sexta-feira, Washington rompeu com uma política antiga de blindar Israel diplomaticamente e se absteve na votação da resolução no Conselho de Segurança da ONU, aprovada com o endosso de 14 países e nenhum voto contrário.
Kerry irá falar sobre a abstenção quando discursar no Departamento de Estado dos EUA às 14h (horário de Brasília), disse um funcionário de alto escalão do departamento a repórteres na terça-feira.
O discurso também irá tratar do que este classificou como acusações "enganosas" de autoridades israelenses segundo as quais o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, esboçou a resolução e impôs sua votação.
A votação sobre as novas permissões de construção foi retirada da pauta do comitê para a sessão "por causa do discurso de Kerry às 18h (hora local). O primeiro-ministro disse que, embora apóie as construções em Jerusalém, não temos que atiçar a situação ainda mais", disse Rubin.
O comitê se reúne regularmente e pode cogitar aprovar as permissões em uma data futura.
Há décadas Israel vem praticando a política de construir assentamentos judeus em territórios ocupados que os palestinos cobiçam para formar seu próprio Estado, algo que a maioria dos países considera um obstáculo para a paz.