ROMA (Reuters) - A Itália planeja dar licenças de trabalho para milhares de imigrantes ilegais ajudarem as fazendas a lidarem com a epidemia de Covid-19, que interrompeu o fluxo de mão de obra barata do exterior, disse uma fonte política nesta terça-feira.
A manobra politicamente delicada, já noticiada pela mídia italiana, foi atacada imediatamente pelo líder de oposição de direita Matteo Salvini, cujo partido Liga baseou seu sucesso em uma plataforma anti-imigração contundente.
Grupos de interesse do agronegócio alertaram que a Itália terá que jogar fora grandes quantidades de frutas e vegetais porque não há quem os colha, o que agrava os efeitos de um isolamento que custa 7 bilhões de euros ao setor alimentício.
O influxo de trabalhadores sazonais nas fazendas foi suspenso pelas restrições de viagens à Itália desde que o surto, que já matou mais de 29 mil pessoas, veio à tona em fevereiro.
A ministra do Interior, Luciana Lamorgese, está disposta a oferecer licenças temporárias a cerca de 200 mil imigrantes irregulares atualmente desempregados ou vivendo na economia informal para que trabalhem na agricultura, disseram fontes do ministério à Reuters.
A medida também almeja ajudar no combate ao coronavírus. "Se alguém fica doente, precisamos examiná-lo, e é difícil fazer isso se nem sabemos seu nome", disse a fonte.
Cerca de 560 mil dos 6,2 milhões de imigrantes que moravam no país em 2019 eram ilegais, de acordo com o relatório anual mais recente da Fundação Ismu, um centro de estudos especializado em questões migratórias.
A regularização provavelmente será incluída em um decreto mais abrangente que visa estimular a economia e que o governo espera aprovar ainda nesta semana, segundo a fonte.
"Eles estão trabalhando em uma grande legalização de imigrantes irregulares... loucura, nós os impediremos de qualquer maneira", escreveu Salvini, um ex-ministro do Interior, no Twitter.
(Por Angelo Amante)