Bruxelas, 13 jul (EFE).- O Eurogrupo, o fórum informal integrado pelos ministros de Economia e Finanças da zona do euro, se reuniu nesta segunda-feira em Bruxelas, a capital da Bélgica, para discutir o primeiro lance da ajuda imediata para a Grécia, após o acordo alcançado na manhã de hoje pelos líderes europeus, pois o país necessita de quase 11 bilhões de euros para julho e agosto.
A Grécia está em uma situação de extrema necessidade de liquidez, pois tem que abonar quase que imediatamente algumas dívidas, entre elas uma de 225 milhões de euros em juros ao Banco Central Europeu (BCE) no dia 19 de julho e outros 3,5 bilhões no dia seguinte.
A isso se somam os 1,6 bilhão de euros que não foram pagos no dia 30 de junho ao FMI, a quem a Grécia também terá que efetuar outro pagamento de juros no valor de 178 milhões de euros no dia 1º de agosto, mês em que também vence outra parcela com o BCE, de 3,2 bilhões de euros e mais 194 milhões em juros.
O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, comentou hoje sobre "a coragem" do governo do primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, para enfrentar as dificuldades que seu país atravessa e dar os passos que permitirão o início das reformas necessárias.
"Este governo tem a coragem de fazer algo que outros governos anteriores não fizeram", assinalou o ministro francês durante sua chegada à reunião do Eurogrupo, na qual será discutida a concessão de um primeiro lance de ajuda imediata à Grécia, que só em julho necessita de 7 bilhões de euros para efetuar os pagamentos a seus credores.
"Este governo não deve carregar o peso de responsabilidades que são de governos anteriores", opinou Sapin.
O ministro francês louvou "a coragem política de um governo que enfrenta as dificuldades, dentro de um debate político legítimo, que será difícil e sério, para iniciar reformas sólidas que permitirão à Grécia sair da situação na qual se encontra".
Sobre a ajuda imediata à Grécia, Sapin assinalou que o Conselho Europeu vai discutir isso hoje, mas que é um assunto "do qual será preciso, evidentemente, mais dias para se encontrar uma maneira de fazê-lo".
O ministro francês considerou que os Chefes de Estado e de governo da zona do euro "foram muito claros" sobre esta questão e pediram "uma boa solução para fazer com que exista um acompanhamento da Grécia, de alguns dias ou semanas, para permitir uma negociação, em boas condições, de um programa que é sério, exigente e que exigirá muito trabalho".
Por sua vez, o ministro das Finanças de Luxemburgo, Pierre Gramegna, assinalou que agora "há um compromisso sobre a mesa e que cada um tem que assumir seu papel. Há compromissos que têm que ser adotados em um prazo muito curto e que exigem o envolvimento dos parlamentos nacionais".
"Enquanto tivermos compromissos, a Europa funcionará", acrescentou Gramegna, cujo país exerce a presidência rotativa da UE até dezembro.
Ao ser questionado sobre a excessiva pressão que a Alemanha exerceu sobre a Grécia durante as negociações, o ministro de Luxemburgo insistiu que "todos os países tentaram encontrar uma solução, entre eles a Alemanha, que é a maior economia e o país que mais concedeu empréstimos" aos gregos.
"Sei que a Alemanha tentou e conseguiu encontrar uma solução. Aqui não se trata de recriminações, se trata de tornar sustentável a dívida grega de forma duradoura, se trata de conseguir um novo começo, de sanear a economia grega, e acho que o compromisso era a melhor solução", frisou o ministro de Luxemburgo.
Por sua vez, o ministro das Finanças da Bélgica, Johan Van Overtveldt, afirmou que acredita que Atenas dará início ao acordo alcançado pelos líderes europeus e que o pacto "está aí para ser executado", ao comentar que acredita seriamente que "o governo grego vai fazer todo o acordado".
Overtveldt ressaltou que o acordo "prevê ações imediatas que deverão ser adotadas pelo governo grego", e acrescentou que "um eventual financiamento dependerá disso".
O ministro de Malta, Edward Scicluna, assinalou que depois da situação limite a que se chegou durante a última madrugada, em que "o 'Grexit' (a saída da Grécia da zona do euro) deixou de ser um tabu, é um consenso que dá segurança aos governos, especialmente aos céticos e aos que estavam realmente preparados para sair do resgate".
Já o austríaco Hans-Jörg Schelling declarou que resta agora "ouvir em detalhes as propostas da Comissão (Europeia) e adotar as medidas correspondentes. Mas está claro que esse financiamento está condicionado ao cumprimento do acordo por parte da Grécia".
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