TÓQUIO/ITURUP (Reuters) - O Japão apresentou no sábado um protesto formal contra a visita do primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev a uma das quatro ilhas disputadas do Pacífico, que causa tensões nas relações entre os dois países desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
A disputa de décadas sobre o território, reivindicado por ambos os países, poderia trazer um retrocesso nos esforços do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de cortejar a Rússia, rica em recursos, e manter a porta aberta ao diálogo, apesar da crise na Ucrânia.
As ilhas são conhecidas na Rússia como Curilas do Sul e tratadas como Territórios do Norte no Japão. A Rússia tomou o controle delas nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, e a disputa impede os dois países de assinar um tratado de paz desde então.
Depois de Medvedev visitar a ilha Iturup no sábado, o funcionário do Ministério das Relações Exteriores japonês Hajime Hayashi apresentou o protesto ao embaixador russo para o Japão, Evgeny Afanasiev, por telefone, segundo o ministério.
O ministro das Relações Exteriores japonês, Fumio Kishida, vai atrasar uma visita à Rússia prevista para o final de agosto, informou o jornal Nikkei, sem dar mais detalhes.
O Japão esperava uma visita, neste ano, do presidente russo, Vladimir Putin, para negociações de cúpula com Abe, disse a agência de notícias Kyodo.
Na ilha, Medvedev disse que a atitude do Japão não iria impedir novas visitas.
"Nossa posição é simples: queremos ser amigos do Japão, o Japão é o nosso vizinho. Temos uma boa postura com o Japão, mas isso não deve estar ligado de forma alguma com as ilhas Kurilas, que fazem parte da Federação Russa", disse.
"Por isso, fizemos visitas, estamos visitando e vamos fazer visitas a Kurilas."
Medvedev enfatizou planos de desenvolvimento econômico para uma região potencialmente rica em petróleo e gás e convidou investidores estrangeiros.
(Por Osamu Tsukimori em Tóquio e Denis Dyomkin em Iturup; reportagem adicional de Jason Bush em Moscou)