CAIRO (Reuters) - Um conhecido jornalista da Al Jazeera preso na Alemanha a pedido do Egito disse que espera ter em breve uma audiência com um juiz que decidirá sobre sua extradição, em um caso que provavelmente levantará novas questões sobre a repressão do Cairo aos dissidentes.
Ahmed Mansour, apresentador famoso de um programa de entrevistas da rede árabe, foi preso na Alemanha no sábado. Sua prisão é a mais recente de uma série de casos parecidos, ocorridos contra jornalistas da Al Jazeera, a mando das autoridades egípcias.
O Egito acusa a Al Jazeera de ser porta-voz da Irmandade Muçulmana, o movimento islâmico apoiado pelo Catar que o presidente Abdel Fattah al-Sisi derrubou em 2013, quando era chefe do exército, e que ele acusa de ser um grupo terrorista.
Tanto o canal de TV, quanto a irmandade rejeitam as alegações feitas por autoridades egípcias.
Mansour disse à Al Jazeera por telefone: "As autoridades alemãs me disseram que estamos lidando com um caso criminal internacional" e que um juiz ia decidir se ele deve ser extraditado para o Egito.
O tribunal penal do Cairo condenou Mansour, que tem dupla cidadania --egípcia e britânica-- a 15 anos de prisão, à revelia, no ano passado, sob a acusação de torturar um advogado em 2011 na Praça Tahir, foco da revolta popular que derrubou o líder Hosni Mubarak.
Al Jazeera disse na época que a acusação era falsa e uma tentativa de silenciar Mansour, conhecido pelos telespectadores em todo o mundo árabe.
(Por Ali Abdelaty e Ahmed Aboulenein)