Por Letitia Stein e Julia Edwards
ORLANDO/WASHINGTON (Reuters) - Um grande júri federal dos Estados Unidos foi convocado para analisar uma possível conduta indevida da esposa do homem que matou a tiros 49 pessoas em uma boate gay de Orlando, e ela pode ser acusada criminalmente ainda nesta quarta-feira, disse uma fonte a par do assunto.
A esposa de Omar Mateen, Noor Salman, sabia de seus planos para o que se tornou o pior ataque a tiros da história moderna do país, afirmou a fonte, que trabalha nas forças da lei norte-americanas.
O senador Angus King, membro do Comitê de Inteligência do Senado e que recebeu um parecer sobre o ataque na Flórida, disse que aparentemente a mulher do atirador "tinha algum conhecimento do que estava acontecendo".
"Ela com certeza é, acho que se poderia dizer, uma pessoa suspeita no momento, e parece estar cooperando e pode nos fornecer algumas informações importantes", disse King à rede CNN.
Noor estava com Mateen quando ele estudou possíveis alvos para um ataque nos últimos dois meses, incluindo o parque Disney World, depois um shopping center chamado Disney Springs e por fim o clube noturno Pulse no início de junho, noticiaram os canais de televisão CNN e NBC.
Mateen, que foi morto a tiros pela polícia depois de um impasse de três horas dentro da boate na madrugada de domingo, ligou para o número 911, o canal de emergência nos EUA, durante sua invasão seguida de disparos para professar aliança a vários grupos militantes islâmicos.
Investigadores federais disseram que ele provavelmente se radicalizou sozinho e que não há indícios de que tenha recebido qualquer instrução ou ajuda de grupos externos, como o Estado Islâmico. Mateen, cidadão norte-americano de 29 anos e filho de imigrantes afegãos, trabalhava como segurança particular.
"Ele parece ter sido um jovem raivoso, perturbado, instável, que se tornou radical", afirmou o presidente dos EUA, Barack Obama, a repórteres.
A mãe de Noor, Ekbal Zahi Salman, mora em um bairro de classe média da cidade de Rodeo, na Califórnia. Um vizinho disse que Noor Salman só visitou a mãe uma vez depois que se casou com Mateen.
A mãe "não gostava muito dele. Ele não permitia que ela (Noor) viesse aqui", afirmou o vizinho Rajinder Chahal. Ele disse que conversou com a mãe de Noor após o ataque em Orlando. "Ela estava em lágrimas, chorando".
(Reportagem adicional de Eric Beech, em Washington; Barbara Liston, Bernie Woodall e Yara Bayoumy, em Orlando; Brendan O'Brien, em Milwaukee; Zachary Fagenson, em Port St. Lucie, Flórida; e Alexandria Sage, em Rodeo, Califórnia)