Por Anton Zverev e Alessandra Prentice
KIEV/DEBALTSEVE, Ucrânia (Reuters) - O governo de Kiev acusou a Rússia nesta sexta-feira de enviar mais tanques e tropas ao leste da Ucrânia, em direção à cidade de Novoazovsk, no litoral sul do país, ampliando a presença russa no que pode ser uma nova frente de batalha.
A Rússia não respondeu imediatamente à acusação que, caso confirmada, deve quase certamente ser a pá de cal sobre uma já frágil trégua mediada pela Europa, cuja vigência teve início no domingo. Moscou sempre negou anteriormente tais acusações.
Novoazovsk está localizada no mar de Azov, 40 quilômetros ao leste da cidade portuária de Mariupol, e foi capturada por rebeldes no ano passado. A cidade pode se tornar uma plataforma de lançamento para novas ofensivas contra Mariupol, que é uma porta de entrada para o sul e, possivelmente, abrir caminho a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia há um ano.
"Nos últimos dias, apesar do acordo (de cessar-fogo) de Minsk, equipamentos militares e munições foram vistos cruzando da Rússia para a Ucrânia", disse o porta-voz militar ucraniano Andriy Lysenko.
O porta-voz disse que mais de 20 tanques russos, 10 sistemas de mísseis e diversos ônibus com tropas cruzaram a fronteira para dentro da Ucrânia.
Os países ocidentais tem se agarrado à esperança de que possam reavivar o acordo de paz mediado por França e Alemanha em Minsk, capital de Belarus, e firmado em 12 de fevereiro, mesmo que os rebeldes tenham ignorado a trégua para capturar Debaltseve, um importante entroncamento ferroviário.
Os ministros de Relações Exteriores de Alemanha, Ucrânia e França devem se reunir na próxima semana em busca de novas medidas de paz, noticiou a mídia russa. Mas as esperanças continuavam tênues antes da mais recente observação dos reforços russos, também denunciados pelos EUA nesta semana.
Novos confrontos entre os separatistas pró-Rússia e forças do governo no leste da Ucrânia também azedaram os humores, enquanto multidões se aglomeraram em Kiev em homenagem ao primeiro aniversário do levante que derrubou um presidente favorável a Moscou, embora tenha resultado em uma guerra.
"O número de ataques mostra que os terroristas não querem silenciar suas armas completamente", disse o porta-voz militar ucraniano Anatoly Stelmach ao listar 49 ataques promovidos por separatistas nas últimas 24 horas.
Mais de 5.600 pessoas foram mortas no conflito desde meados de abril do ano passado, logo após a Rússia ter anexado a Crimeia e em seguida à queda do ex-presidente Viktor Yanukovich.
(Reportagem adicional de Natalya Zinets)