MOSCOU (Reuters) - O Kremlin disse nesta terça-feira que é muito curioso que os Estados Unidos parecessem estar prontos para usar sanções contra o Tribunal Penal Internacional, cujo procurador solicitou mandados de prisão para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, seu chefe de Defesa e três líderes do Hamas por supostos crimes de guerra.
O procurador do TPI, Karim Khan, disse em uma nota emitida após mais de sete meses de guerra em Gaza que ele tinha motivos razoáveis para acreditar que os cinco homens "têm responsabilidade criminal" por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
O presidente dos EUA, Joe Biden, chamou a medida legal de "ultrajante", enquanto o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que isso poderia prejudicar as negociações sobre um acordo de reféns e um cessar-fogo.
Alguns parlamentares norte-americanos pediram que os Estados Unidos impusessem sanções ao tribunal. Em 2020, os EUA impuseram sanções a um procurador do TPI.
"Em geral, a situação é mais do que curiosa em termos da atitude e da disposição dos EUA de usar métodos de sanções até mesmo contra o TPI", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.
Em março do ano passado, o TPI emitiu mandados de prisão contra o presidente Vladimir Putin por acusações de crimes de guerra.
A Rússia diz que o mandado contra Putin é uma tentativa sem sentido do Ocidente de manchar a reputação da Rússia e nega crimes de guerra na Ucrânia. A Ucrânia afirma que a Rússia cometeu crimes de guerra. A Rússia diz que o Ocidente tem ignorado os crimes da Ucrânia, uma acusação negada por Kiev.
Biden disse no ano passado que a decisão do TPI de emitir um mandado de prisão para Putin foi justificada. Os Estados Unidos compartilharam detalhes dos supostos crimes de guerra russos na Ucrânia com o TPI.
A Rússia não faz parte do Estatuto de Roma, que estabeleceu o TPI, portanto Moscou não reconhece a jurisdição do tribunal.
"Não somos parte do estatuto relevante, portanto, não reconhecemos a jurisdição do tribunal", disse Peskov.
(Reportagem de Dmitry Antonov)