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Kremlin e Otan discordam sobre apelo do papa para que Ucrânia mostre "bandeira branca"

Publicado 12.03.2024, 10:13
Atualizado 12.03.2024, 10:15
© Reuters. Ataque russo em Kharkiv
 23/1/2024   REUTERS/Sofiia Gatilova

Por Guy Faulconbridge e Andrew Gray

MOSCOU/BRUXELAS (Reuters) - O Kremlin disse que o apelo do papa Francisco para conversações para acabar com a guerra na Ucrânia era "bastante compreensível", mas o chefe da Otan afirmou que agora não era o momento de falar sobre "rendição".

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o embaixador do Vaticano, conhecido como núncio papal, para expressar seu "desapontamento" com os comentários de Francisco em uma entrevista gravada no mês passado, de que a Ucrânia deveria ter "a coragem da bandeira branca" para negociar o fim do conflito.

O ministério disse que os comentários do papa "legalizam o direito do poder e incentivam ainda mais o desrespeito às normas do direito internacional".

Em uma tentativa de esclarecer as falas de Francisco, seu segundo em comando no Vaticano afirmou em uma entrevista a um jornal na terça-feira que a primeira condição para qualquer negociação é que a Rússia interrompa sua agressão.

Com o Ocidente debatendo sobre como apoiar a Ucrânia e a perspectiva de uma mudança brusca na política dos EUA se Donald Trump vencer a eleição presidencial de novembro, Putin ofereceu essencialmente congelar o campo de batalha ao longo de suas linhas de frente atuais, uma premissa que a Ucrânia rejeita.

"É bastante compreensível que ele (o papa) tenha falado a favor das negociações", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres.

Segundo ele, o presidente Vladimir Putin afirmou repetidamente que a Rússia estava aberta a negociações de paz.

"Infelizmente, tanto as declarações do papa quanto as repetidas declarações de outras partes, incluindo a nossa, receberam recentemente recusas absolutamente duras", disse Peskov.

A Rússia diz que enviou suas tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022 em uma "operação militar especial" para garantir sua própria segurança. Kiev e o Ocidente a condenam como uma guerra de conquista de estilo colonial.

As ofertas de Moscou para negociar têm sido invariavelmente baseadas na desistência de Kiev do território que Moscou tomou e declarou como parte da Rússia - mais de um sexto da Ucrânia.

© Reuters. Ataque russo em Kharkiv
 23/1/2024   REUTERS/Sofiia Gatilova

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que as negociações que preservariam a Ucrânia como uma nação soberana e independente só aconteceriam quando Putin percebesse que não venceria no campo de batalha.

“Se quisermos uma solução negociada, pacífica e duradoura, a maneira de chegar lá é fornecer apoio militar à Ucrânia”, disse ele à Reuters na sede da Otan em Bruxelas.

Questionado se isso significava que agora não era o momento de falar sobre uma bandeira branca, ele declarou: "Não é o momento de falar sobre rendição dos ucranianos. Isso será uma tragédia para os ucranianos."

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