BEIRUTE (Reuters) - O primeiro-ministro interino do Líbano fez uma rara repreensão ao Irã, nesta sexta-feira, e disse que o enviado de Teerã deveria ser convocado devido a comentários feitos por uma autoridade iraniana sênior de que o país estaria pronto para ajudar a "negociar" a implementação de uma resolução da ONU sobre o Líbano.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou em um comunicado que os comentários equivaliam a "uma interferência flagrante nos assuntos libaneses".
Críticas das principais autoridades libanesas ao Irã são incomuns, principalmente devido ao patrocínio de Teerã ao poderoso grupo armado libanês Hezbollah, que atualmente trava batalhas contra as tropas israelenses ao longo da fronteira sul do Líbano.
Em uma entrevista publicada no jornal francês Le Figaro na quinta-feira, o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Baqer Ghalibaf, disse que seu país estaria pronto para "negociar" com a França a implementação da Resolução 1701 das Nações Unidas.
Essa resolução, que encerrou a última rodada de conflitos entre Israel e o Hezbollah em 2006, exige que o sul do Líbano esteja livre de quaisquer tropas ou armas que não sejam as do Estado libanês.
Mikati disse nesta sexta-feira que ficou "surpreso" com os comentários de Ghalibaf e afirmou que eles são uma tentativa de "estabelecer uma tutela rejeitada sobre o Líbano".
Ele disse que essa negociação é uma prerrogativa do Estado libanês e pediu ao ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, que convocasse o Encarregado de Negócios do Irã em Beirute.
Não houve comentário imediato de Ghalibaf ou da embaixada do Irã em Beirute.
(Reportagem de Amina Ismail e Maya Gebeily em Beirute, Clauda Tanios e Nayera Abdallah em Dubai)