Por Martin Petty
MANILA (Reuters) - Representantes de esquerda das Filipinas reagiram com consternação nesta quarta-feira a uma ameaça do presidente Rodrigo Duterte de criar um "esquadrão da morte" para caçar o que chamou de assassinos maoístas, um plano que críticos dizem poder desencadear uma onda de assassinatos semelhante à sua guerra sangrenta contras as drogas.
Maoístas, elementos da esquerda e alguns parlamentares disseram que Duterte agravaria um clima já instaurado de medo e impunidade ao ameaçar lançar seus próprios pistoleiros sobre aqueles do Novo Exército Popular (NPA), uma milícia comunista que vem mantendo uma insurgência de pouco impacto nas Filipinas há décadas.
Duterte disse que seus assassinos eliminarão os "pardais" do NPA, que os comunistas usaram para matar policiais durante o governo do falecido autocrata Ferdinand Marcos nos anos 1970 e 1980. Não está claro se os pardais ainda existem.
"Esta é a vantagem deles. Então criarei meu próprio pardal, o 'Esquadrão da Morte Duterte'", disse ele em um discurso na terça-feira.
José Maráa Sison, fundador exilado do Partido Comunista das Filipinas, negou a existência de assassinos pardais e disse que Duterte a está usando como pretexto para matar supostos rebeldes maoístas.
Sison comparou a iniciativa à campanha antidrogas de Duterte, durante a qual milhares de pessoas foram mortas. Ativistas afirmam que muitas parecem ter sido executadas, mas a polícia nega e diz que todas foram vítimas de tiroteios com traficantes de drogas.
"Ele dá a si mesmo a razão para formar seu próprios esquadrões da mortes", disse Sison ao canal de notícias ANC. "Qualquer um que seja suspeito pode ser morto porque a polícia tem licença para matar".
As declarações belicosas de Duterte têm alarmado grupos de direitos humanos, que dizem que a polícia as está interpretando como uma luz verde para matar supostos criminosos.
Duterte vem sendo assolado por acusações de que comandou um esquadrão da morte quando era prefeito da cidade de Davao e supervisionou uma operação de repressão severa ao crime. Ele nega as alegações.
O grupo de esquerda Bayan disse em um comunicado que Duterte está "incitando uma onda de assassinatos contra críticos do governo, defensores dos direitos humanos e praticamente qualquer um rotulado pelo governo como 'vermelho'".
O senador Antonio Trillanes disse que o presidente se sente inseguro de seu poder.
"Ele quer despertar o medo nos corações e mentes dos filipinos advertindo que haverá outra rodada de assassinatos", disse Trillanes. "O medo é sua única maneira de manter as pessoas sob controle".