Por James Mackenzie e Nidal al-Mughrabi e Samia Nakhoul
JERUSALÉM/CAIRO (Reuters) - O líder do Hamas, Yahya Sinwar, idealizador do ataque de 7 de outubro de 2023 que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza, foi morto pelas forças israelenses dentro do enclave palestino, anunciou Israel nesta quinta-feira.
A morte de Sinwar configura uma grande vitória para Israel em um momento crucial do conflito, que já dura um ano. Líderes ocidentais afirmaram que a morte abre a oportunidade para o fim da guerra, mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o conflito vai continuar.
O setor militar israelense afirmou que matou Sinwar em uma operação no sul da Faixa de Gaza na quarta-feira.
"Após completar o processo de identificação do corpo, pode-se confirmar que Yahya Sinwar foi eliminado", informou.
O Hamas não comentou imediatamente o fato, mas fontes no grupo militante afirmaram que indícios sugerem que Sinwar foi morto em uma operação israelense.
Em Israel, famílias de reféns mantidos pelo Hamas no enclave afirmam ter esperança de que um cessar-fogo possa trazer de volta para casa aqueles detidos, mas também temem que seus entes queridos estejam correndo ainda mais perigo agora.
Na Faixa de Gaza, atingida sem trégua pelas forças israelenses faz um ano, moradores acreditam que a guerra continuará, mas tentam se apegar à esperança da autodeterminação.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que falou com Netanyahu por telefone para parabenizá-lo, assim como o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a morte de Sinwar oferece uma chance para que o conflito de mais de um ano na Faixa de Gaza finalmente acabe, e que os reféns israelenses sejam levados de volta para suas casas.
Os Estados Unidos querem iniciar as negociações sobre uma proposta de cessar-fogo e a soltura dos reféns na Faixa de Gaza, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, chamando Sinwar de "grande obstáculo" para o fim da guerra.
"Esse obstáculo foi obviamente removido. Não dá para prever que quem o substituir vai concordar com o cessar-fogo, mas retira o que foi, nos últimos meses, o grande obstáculo para esse objetivo”, disse.
Segundo ele, Sinwar vinha se recusando a negociar nas últimas semanas.
Em Jerusalém pouco depois da confirmação da morte, Netanyahu disse que ela traz a chance de paz para o Oriente Médio, mas salientou que a guerra na Faixa de Gaza não acabou, e que vai mantê-la até que todos os reféns sejam libertados.
"Hoje acertamos as contas. Hoje o mal recebeu um golpe, mas nossa tarefa ainda não foi concluída", afirmou Netanyahu em vídeo.
"Às queridas famílias dos reféns, digo: este é um momento importante na guerra. Continuaremos com força total até que todos os seus entes queridos, nossos entes queridos, estejam em casa."
O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que "este é um grande feito militar e moral para Israel".
Ele chamou Sinwar de "assassino em série responsável pelo massacre e atrocidades de 7 de outubro", referindo-se ao ataque do Hamas contra Israel que resultou na resposta israelense na Faixa de Gaza.
O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Herzi Halevi, afirmou que a busca por Sinwar no último ano o fez "agir como um fugitivo, obrigando que ele mudasse de localidade muitas vezes".
O militar afirmou que soldados se depararam com Sinwar em uma operação regular sem saber que ele estava ali, ao contrário de outras operações contra líderes militantes baseadas em inteligência abrangente.
O assassinato ocorreu durante uma operação terrestre na cidade de Rafah, no sul de Gaza, durante a qual as tropas israelenses mataram três militantes e levaram seus corpos, informou a Rádio do Exército de Israel.
EXECUTOR IMPLACÁVEL
Acredita-se que Sinwar, nomeado líder geral do Hamas após o assassinato do chefe político Ismail Haniyeh em Teerã, em julho, estava escondido no labirinto de túneis construído pelo Hamas sob Gaza nas últimas duas décadas.
Apesar das esperanças ocidentais de um cessar-fogo, sua morte pode aumentar as hostilidades no Oriente Médio, onde há perspectiva de um conflito ainda maior. Israel lançou uma campanha terrestre no Líbano no último mês e agora planeja uma resposta a um ataque com mísseis realizado em 1º de outubro pelo Irã, aliado do Hamas e do Hezbollah, do Líbano.
Mas a morte do homem que planejou o ataque do ano passado, no qual os combatentes mataram 1.200 pessoas em Israel e capturaram mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses, também pode ajudar a impulsionar os esforços paralisados para acabar com a guerra na qual Israel matou mais de 42.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza.
(Reportagem de Laila Bassam e Timour Azhar em Beirute, Maayan Lubel e James Mackenzie em Jerusalém, Nidal al-Mughrabi no Cairo, Lena Masri, Elwely Elwelly em Dubai)