PEQUIM (Reuters) - O presidente da China, Xi Jinping, pediu nesta sexta-feira um "grande muro de aço" para salvaguardar a região turbulenta de Xinjiang, depois que uma autoridade de alto escalão disse que separatistas islâmicos representam o desafio "mais importante" à estabilidade do país.
Xi fez os comentários durante uma reunião de parlamentares de Xinjiang que ocorreu em paralelo ao Congresso Nacional do Povo em Pequim, e que marcou sua primeira visita à delegação regional desde que tomou posse.
Há tempos Pequim vem dizendo que enfrenta uma campanha determinada de um grupo conhecido como Movimento de Independência do Turquestão Oriental (Etim) em Xinjiang, onde centenas de pessoas morreram nos últimos anos durante ataques e confrontos entre uigures, majoritariamente muçulmanos, e a maioria étnica chinesa han.
"(O Etim) é o desafio mais importante à estabilidade social, ao desenvolvimento econômico e à segurança nacional da China", afirmou Cheng Guoping, comissário do Estado para contraterrorismo e segurança, de acordo com o jornal China Daily.
As colocações vieram a público cerca de uma semana depois do surgimento de um vídeo supostamente do Estado Islâmico que mostra uigures treinando no Iraque, prometendo cravar sua bandeira na China e dizendo que o sangue irá "jorrar em rios".
"Assim como cada um ama seus olhos, cada um deve amar a unidade étnica; assim como cada um leva sua própria subsistência a sério, cada um deve levar a unidade étnica a sério", disse Xi à delegação, de acordo com a emissora estatal.
A televisão chinesa mostrou Xi se encontrando com delegados vestido com um traje uigur tradicional e um dos indivíduos presenteando-o com uma foto de uma família uigur cujo parente se encontrou certa vez com Mao Tsé-Tung, fundador da China moderna.
A China teme que uigures tenham ido à Síria e ao Iraque para lutar por grupos militantes nestes locais depois de viajarem ilegalmente através do sul da Ásia e da Turquia.
Grupos de direitos humanos dizem que os distúrbios em Xinjiang são mais uma reação a políticas governamentais repressivas, e especialistas vêm questionando se o Etim é de fato um grupo militante coeso. Pequim nega existir repressão em Xinjiang.
(Por John Ruwitch, Michael Martina e Christian Shepherd)