Por Philip Pullella e Noe Torres
CARTAGENA, Colômbia (Reuters) - O papa Francisco, com um curativo em um olho machucado em um acidente sem gravidade no papamóvel, deixou a Colômbia na noite de domingo depois de apelar para que o país "desate os nós da violência" após uma guerra civil de 50 anos.
O último dia do papa na Colômbia começou mal. Francisco perdeu o equilíbrio e bateu a cabeça no papamóvel, machucando a lateral do rosto e cortando a sobrancelha esquerda a ponto de um pouco de sangue manchar sua veste branca.
O Vaticano disse que o papa foi tratado com gelo e que está bem. Sorridente, Francisco continuou a viagem com um curativo sobre o corte. "Fui golpeado. Estou bem", brincou o pontífice de 80 anos mais tarde, com hematomas visíveis no rosto.
No final do dia, quando rezou uma missa para cerca de 500 mil pessoas na área portuária da cidade, o ferimento havia inchado e ele estava com o olho roxo.
"Se a Colômbia quiser uma paz estável e duradoura, precisa urgentemente dar um passo nesta direção, que é aquela do bem comum, da igualdade, da justiça, do respeito pela natureza humana e suas exigências", disse ele com voz forte na homilia, que foi acompanhada de música caribenha e salsa.
"Somente se ajudarmos a desatar os nós da violência separaremos os fios complexos dos desacordos", disse.
O líder católico deixou a Colômbia em um voo da Avianca para Roma depois de ver uma banda de cumbia exibir cantos e danças tradicionais ao lado do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e sua esposa, Maria Clemencia.
Francisco usou a visita para exortar os colombianos profundamente polarizados por um plano de paz a descartarem a vingança depois de uma guerra civil sangrenta. Ele também disse que os líderes devem aprovar leis que acabem com a injustiça e com a desigualdade social que fomentam a violência.
Cartagena, um destino turístico popular e famoso por suas muralhas coloniais, foi o lar de São Pedro Claver, um padre espanhol que pregou a escravos na Colômbia no século 17, desafiando os senhores coloniais espanhóis que os tratavam como posses.
O papa aproveitou a ocasião para voltar a repudiar a escravidão moderna e o tráfico humano e defender os direitos dos imigrantes.
"Aqui na Colômbia e no mundo, milhões de pessoas ainda estão sendo vendidas como escravas; ou elas imploram por algumas expressões de humanidade, por momentos de ternura, ou fogem pelo mar e pela terra porque perderam tudo, principalmente sua dignidade e seus direitos".
(Reportagem adicional de Helen Murphy e Anastasia Moloney, em Bogotá)