Por Gus Trompiz e Marine Pennetier
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, buscou o meio-termo em um impasse com produtores rurais franceses, incentivando agricultores a investirem mais em vez de se queixarem da concorrência do exterior, mas ao mesmo tempo prometendo protegê-los de compradores de terra estrangeiros.
Macron convidou centenas de jovens agricultores a visitarem o palácio presidencial do Eliseu antes da feira anual de Paris deste final de semana, um evento politicamente importante que transcorre pouco depois de agricultores terem realizado protestos em todo país.
O governo está enfrentando descontentamento em questões como as negociações comerciais com o Mercosul e uma reforma dos subsídios para cinturões agrícolas, o que está minando a boa vontade criada por propostas legislativas visando preços mais justos nas vendas diretas de fazendas para os consumidores.
"Não sejamos ingênuos, não resolveremos nossos problemas em alguns meses... mas quero dar um futuro à agricultura francesa", disse Macron aos jovens agricultores.
O presidente prometeu restringir as aquisições de terrenos por parte de compradores estrangeiros, ressaltando o acesso de jovens agricultores a terras como uma questão vital diante da perspectiva de que 40 por cento dos agricultores em atividade se aposentarão até 2020.
"Não podemos deixar centenas de hectares serem comprados por potências estrangeiras sem saber qual é o propósito destas compras", afirmou ele em um discurso. "Por isso adotaremos claramente salvaguardas regulatórias nesta área".
Macron aludia a compras de terras ocorridas em 2016 e 2017 que grupos de agricultores franceses e a mídia associaram ao grupo chinês de serviços de combustíveis Hongyang.
Embora investidores chineses tenham adquirido uma série de vinícolas e formado parcerias com empresas de laticínio da França, a compra de 2.600 hectares de terras de cultivo no centro do país durante os dois últimos anos causou incômodo.
Não foi possível contatar a Hongyang para obter comentários.
Falando em Pequim nesta sexta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse não saber nada sobre o tema em questão, mas que o governo sempre pediu que as empresas chinesas operem de acordo com a lei no exterior.
"Ele atendeu nossas expectativas com sua mensagem, mas faltaram cifras específicas", disse Paul Chanvillard, empregado de 26 anos de uma empresa de laticínios, após a reunião com Macron.
(Reportagem adicional de Ingrid Melander e de Ben Blanchard em Pequim)