Por Patricia Zengerle e Marine Pennetier
WASHINGTON (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu nesta quarta-feira aos Estados Unidos para não abandonarem um acordo nuclear com o Irã antes que se firme um pacto internacional mais abrangente que contemple todas as preocupações remanescentes dos EUA e da Europa a respeito do Irã.
Ao final de uma visita de três dias aos EUA, durante a qual exortou seu colega norte-americano, Donald Trump, a não desligar seu país do acordo iraniano, Macron disse em uma sessão conjunta do Congresso que o compromisso atual não é perfeito, mas que deve permanecer em vigor até que um substituto seja criado.
"É verdadeiro dizer que este acordo pode não abordar todas as preocupações, e preocupações muito importantes", disse Macron. "Mas não deveríamos abandoná-lo sem ter algo substancial, e mais substancial, em seu lugar. Esta é a minha posição".
Trump prometeu diversas vezes retirar seu país do acordo nuclear de 2015 entre o Irã e seis potências mundiais. Ele decidirá até o dia 12 de maio se reativa sanções econômicas contra Teerã, o que pode ser um primeiro passo para encerrar o entendimento.
Durante a visita de Macron os dois líderes prometeram buscar medidas mais duras para refrear a República Islâmica, mas Trump não se comprometeu a permanecer no pacto negociado por seu antecessor, Barack Obama. Ele também ameaçou retaliar o regime se este retomar seu programa nuclear.
Macron procurou uma nova abordagem por meio da qual EUA e Europa acertariam bloquear qualquer atividade nuclear iraniana até 2025 e além, abordar o programa de mísseis balísticos do regime e criar condições para uma solução política que contenha o Irã no Iêmen, na Síria, no Iraque e no Líbano.
"O que eu quero fazer e o que decidimos junto com seu presidente é que podemos trabalhar em um acordo mais abrangente que trate de todas estas preocupações", disse o francês, acrescentando que sua nação continua comprometida com o objetivo principal, que é evitar que o Irã desenvolva armas nucleares.
"O Irã jamais deve possuir nenhuma arma nuclear. Não agora, não em cinco anos, não em 10 anos, nunca", disse ele, e foi aplaudido pelos parlamentares.
Em um discurso amplo, Macron também exortou os parlamentares dos EUA a rejeitarem o unilateralismo e continuarem engajados com o mundo, dizendo que os desafios econômicos e de segurança atuais devem ser uma responsabilidade compartilhada.
Ele denunciou o protecionismo e o nacionalismo e disse que os EUA deveriam intensificar seu envolvimento com o mundo – um desafio direto aos apelos de Trump para que Washington rompa com o Acordo do Clima de Paris e com acordos comerciais internacionais.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, David Alexander e Susan Heavey)