CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na sexta-feira que "não verão mais a cara" do governo na mesa de diálogo, patrocinada pela Noruega, com a oposição, até que o líder oposicionista Juan Guaidó "retifique" sua postura sobre Esequibo, uma longa disputa territorial venezuelana com a Guiana.
Críticos do presidente da Venezuela afirmam que o governo revive tensões sobre a região de Esequibo, uma área pouco povoada no leste do país, para desviar a atenção de seus problemas econômicos.
"Até o deputado Guaidó retificar sua pretensão de entregar Esequibo seguimos claramente fora dessa mesa de diálogo... ou retificam ou não verão nossa cara, simples assim", disse Maduro em discurso transmitido na TV estatal.
As conversas entre as partes, sob mediação de Oslo, começaram em maio, mas foram suspensas em agosto, quando representantes de Maduro se retiraram por conta de um decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que congelou ativos venezuelanos no exterior.
O governo acusou Guaidó nesta semana de querer "vender" a região de Esequibo, ainda que o líder da oposição tenha reiterado na sexta-feira em viagem ao leste do país que sempre defendeu que o território em disputa com a Guiana pertence à Venezuela.
A Guiana argumenta que Caracas desistiu de sua reivindicação por Esequibo após uma decisão de um tribunal internacional em 1899, mas a Venezuelana recuou dessa decisão. Em janeiro de 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) encaminhou a disputa à Corte Internacional de Justiça.
(Reportagem de Vivian Sequera, Mayela Armas e Deisy Buitrago)