A polícia da Venezuela está oferecendo uma recompensa de US$ 100 mil (cerca de R$ 615 mil) por informação que leve à captura do candidato da oposição nas últimas eleições, Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita). Em setembro, a Justiça venezuelana mandou prender o opositor do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda).
González está exilado na Espanha desde setembro, mas disse que voltará à Venezuela para a posse presidencial, marcada para 10 de janeiro. A oposição diz que ele venceu as eleições de 28 de julho de 2024. Maduro se declarou vencedor no pleito, mas o resultado é questionado tanto por opositores locais quanto por autoridades estrangeiras.
A Justiça da Venezuela, controlada por Maduro, determinou a prisão de González em 2 de setembro. Ele é acusado de descumprir 3 intimações do Ministério Público do país para esclarecer a divulgação das atas eleitorais do pleito, embora os documentos sejam públicos em países democráticos e com eleições livres.
Em entrevista à rádio W, da Colômbia, em novembro, o opositor disse que que os governos da Colômbia e Brasil estão “se esforçando para criar condições para uma mediação que busque uma solução para o conflito venezuelano”. Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e da Colômbia, Gustavo Petro (Colômbia Humana, esquerda), dialogam desde a eleição para mediar a situação. Além disso, González agradeceu aos líderes que não reconhecem a vitória de Maduro, como os dos Estados Unidos e da União Europeia.
O cartaz divulgado pela polícia na 5ª feira (2.jan.2025) diz que “toda pessoa que tenha conhecimento” sobre o “paradeiro” do opositor deve entrar em contato com as autoridades.
VENEZUELA SOB MADURO
A Venezuela vive sob uma autocracia chefiada por Nicolás Maduro, 62 anos. Não há liberdade de imprensa. Pessoas podem ser presas por “crimes políticos”. A OEA (Organização dos Estados Americanos) publicou nota em maio de 2021 (PDF – 179 kB) a respeito da “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos relatou abusos em outubro de 2022 (PDF – 150 kB), novembro de 2022 (PDF – 161 kB) e março de 2023 (PDF – 151 kB). O relatório da Human Rights Watch divulgado em 2023 afirma que 7,1 milhões de venezuelanos fugiram do país desde 2014.
Maduro nega que o país viva sob uma ditadura. Diz que há eleições regulares e que a oposição simplesmente não consegue vencer.
As eleições presidenciais realizadas em 28 de julho de 2024 são contestadas por parte da comunidade internacional. A principal líder da oposição, María Corina Machado, foi impedida de ocupar cargos públicos por 15 anos em junho de 2023. O Supremo venezuelano confirmou a decisão em janeiro de 2024. Falou em “irregularidades administrativas” que teriam sido cometidas quando era deputada, de 2011 a 2014, e por “trama de corrupção” por apoiar Juan Guaidó.
Corina indicou a aliada Corina Yoris para concorrer. No entanto, Yoris não conseguiu formalizar a candidatura por causa de uma suposta falha no sistema eleitoral. O diplomata Edmundo González assumiu o papel de ser o principal candidato de oposição.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, anunciou em 28 de julho de 2024 a vitória de Maduro. O órgão confirmou o resultado em 2 de agosto de 2024, mas não divulgou os boletins de urnas. O Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, controlado pelo atual regime, disse em 22 de agosto de 2024 que os boletins não serão divulgados.
O Centro Carter, respeitada organização criada pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, considerou que as eleições na Venezuela “não foram democráticas”. Leia a íntegra do comunicado (PDF – 107 kB).
Os resultados têm sido seguidamente contestados pela União Europeia e por vários países individualmente, como Estados Unidos, México, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O Brasil não reconheceu até agora a eleição de Maduro em 2024, mas tampouco faz cobranças mais duras como outros países que apontam fraude no processo. O presidente Lula chegou a dizer não ter visto nada de anormal no pleito do país.