CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Manifestantes que pedem justiça pelo desaparecimento de 43 estudantes no México em 2014 derrubaram nesta quarta-feira uma das portas de acesso ao palácio presidencial, onde o presidente do país Andrés Manuel López Obrador prestava entrevista coletiva.
O grupo protestava desde cedo nesta quarta-feira diante do prédio barroco construído no século 16 e localizado no centro histórico da capital mexicana. Horas depois, alguns deles usaram uma caminhonete da estatal de eletricidade CFE para arrombar, de ré, uma porta lateral do palácio, mostraram imagens de televisão.
Mas pouco depois de alguns conseguirem entrar, seguranças usaram extintores de incêndio para obrigá-los a recuar e impedir que chegassem ao presidente que, durante a campanha que o levou à presidência em 2018, comprometeu-se a resolver o desaparecimento conhecido como "caso Ayotzinapa”.
Questionado sobre o incidente na coletiva, López Obrador afirmou que eles seriam atendidos por outra autoridade, não por ele, e acrescentou que o objetivo do governo é continuar investigando para descobrir o paradeiro dos jovens, desaparecidos em um dos casos mais notórios de violência estatal da América Latina.
"Eu me preocupo em encontrar os jovens, (mas) a atitude, não dos pais, mas de assessores e das organizações que supostamente defendem direitos humanos, é uma atitude política, muito conflituosa contra nós, provocativa", disse o presidente.
"Estamos dedicados e estamos avançando muito na investigação, mas o que acontece é que eles estão sendo manipulados", acrescentou.
Um grupo de especialistas concluiu no ano passado que militares, policiais e autoridades locais e estaduais, além de órgãos de inteligência, colaboraram com criminosos no sequestro e desaparecimento dos estudantes em setembro de 2014.
Os advogados e familiares das vítimas afirmam que o governo não avançou no caso para proteger o Exército. O presidente nega a acusação.
"O presidente López Obrador traiu o movimento, os pais e todos os mexicanos ao falhar no seu dever de investigar os 43 normalistas de Ayotzinapa", disse Vidulfo Rosales, o advogado das vítimas.
(Reportagem de Raúl Cortés Fernández e Noé Torres)