Por Asif Shahzad e Gibran Naiyyar Peshimam
ISLAMABAD (Reuters) - Milhares de manifestantes apoiadores do ex-primeiro-ministro preso Imran Khan invadiram a capital paquistanesa fortemente protegida, nesta terça-feira, intensificando confronto com o governo e seus aliados militares pela libertação de Khan.
Pelo menos seis pessoas, incluindo quatro soldados paramilitares, foram mortas durante confrontos entre forças de segurança e manifestantes, liderados pela esposa de Khan, que chegaram até o limite da zona vermelha altamente fortificada da cidade, antes de serem empurrados para trás por centenas de agentes das forças de segurança.
A zona vermelha abriga os escritórios e edifícios mais importantes do país, incluindo o Parlamento e um enclave de missões estrangeiras.
O primeiro-ministro Shehbaz Sharif culpou os manifestantes pelas mortes dos soldados, acusando-os de atropelar as tropas paramilitares com um comboio de veículos.
"Não se trata de um protesto pacífico. É extremismo", disse Sharif em um comunicado.
O ministro da Informação, Attaullah Tarar, afirmou que os manifestantes pareciam empenhados em fomentar o caos, mas que as autoridades não permitiriam isso, acrescentando: "Ninguém será poupado".
Uma testemunha da Reuters disse que manifestantes chegaram a D-Chowk, na capital Islamabad, uma praça próxima ao Parlamento que tem sido um ponto de encontro histórico para protestos.
Pedindo a renúncia do governo, entre outras reivindicações, os manifestantes saquearam veículos e atearam fogo em um posto da polícia.
Os manifestantes também atacaram e feriram jornalistas em dois locais distintos, disseram à Reuters pessoas de dois veículos de comunicação.
O Ministério do Interior informou que o Exército havia sido mobilizado para proteger as missões diplomáticas na área fortificada da zona vermelha. As autoridades disseram que um toque de recolher poderia ser imposto na capital.
O partido Pakistan Tehreek-e-Insaaf (PTI), de Khan, rejeitou a acusação de Sharif de que as tropas paramilitares haviam sido atropeladas e reiterou que os apoiadores do partido realizarão manifestação do lado de fora do Parlamento até que suas exigências sejam atendidas.
"Nenhum manifestante atropelou nenhum guarda", disse o porta-voz do PTI Zulfikar Bukhari, referindo-se às tropas paramilitares. "Na verdade, há vídeos que viralizaram nas mídias sociais de manifestantes protegendo e abraçando guardas. Essa é uma narrativa que o governo está tentando criar para que eles tenham a licença para matar."
A marcha de protesto, que Khan descreveu como a "convocação final", é uma das muitas que seu partido realiza para buscar sua libertação desde que ele foi preso em agosto do ano passado.
Retirado do poder pelo Parlamento em 2022 depois de se desentender com os poderosos militares do Paquistão, Khan enfrenta acusações que vão desde corrupção até instigação à violência, todas negadas por ele e seu partido.
(Reportagem de Asif Shahzad, Gibran Peshimam e Charlotte Greenfield em Islamabad e Ariba Shahid em Karachi)