Por Ian Graham
BELFAST (Reuters) - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, pediu à União Europeia (UE) nesta sexta-feira novo acordo para evitar uma fronteira dura com a Irlanda do Norte e exigiu que Bruxelas responda rapidamente ao seu "documento branco", concebido para impedir os estragos de uma desfiliação britânica da UE, conhecida como Brexit, sem acordo.
Em discurso a políticos e líderes empresariais nas docas de Belfast, May admitiu que uma fronteira dura entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda depois que o Reino Unido tiver deixado a UE seria "quase inconcebível", mas rejeitou o atual plano do bloco por considerá-lo "impraticável".
Ao invés disso, May disse que a UE precisa trabalhar com seu "documento branco", diretriz divulgada no início deste mês que propõe negociar os laços mais estreitos possíveis com a UE no comércio de bens para proteger as empresas e cumprir o compromisso de evitar ter infraestrutura na fronteira.
"Agora cabe à UE responder. Não simplesmente voltar a posições anteriores que já se mostraram impraticáveis, mas evoluir em sua posição na mesma moeda", disse a premiê.
Ainda se recuperando da renúncia de dois de seus principais ministros, que rejeitaram seu plano para o Brexit, May voou à Irlanda do Norte na quinta-feira para uma visita de dois dias para ver de perto a divisa problemática da região com a Irlanda, que é membro da UE.
A fronteira de 500 quilômetros se tornou um dos maiores obstáculos nas negociações. Ela é praticamente invisível desde que postos do Exército foram desmontados na esteira do acordo de paz de 1998, que acabou com três décadas de violência entre a maioria pró-Reino Unido da região e a minoria irlandesa nacionalista que deixou mais de 3.600 mortos.
Em dezembro a premiê concordou em princípio com uma "salvaguarda" vinculante para garantir uma fronteira suave independentemente dos futuros laços entre Londres e a UE, mas mais tarde recuou diante de uma proposta do bloco para consegui-lo tratando a Irlanda do Norte como uma área alfandegária separada do resto do Reino Unido.
"O deslocamento econômico e constitucional de uma fronteira alfandegária formal de um 'terceiro país' dentro de nosso próprio país é algo que jamais aceitarei e que acho que nenhum primeiro-ministro britânico jamais aceitaria", disse May.