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May formará governo frágil após fracasso em eleição britânica; incertezas cercam Brexit

Publicado 09.06.2017, 10:57
Atualizado 09.06.2017, 11:00
© Reuters. Primeira-ministra britânica, Theresa May, deixa residência oficial na Downing Street a caminho do Palácio de Buckingham, após eleições no Reino Unido

Por Costas Pitas e Kylie MacLellan

LONDRES (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, formará um novo governo apoiado por um pequeno partido da Irlanda do Norte, depois que seu próprio Partido Conservador perdeu a maioria parlamentar em um desastre eleitoral dias antes do início das negociações sobre a separação do Reino Unido da União Europeia.

May, falando com expressão séria na entrada de sua residência oficial na Downing Street, disse que o governo fornecerá estabilidade e irá liderar o Reino Unido em negociações com a UE para garantir um acordo de separação bem-sucedido.

May disse que pode confiar no apoio de seus "amigos" do Partido Democrático Unionista (DUP), da Irlanda do Norte, no Parlamento, depois que os conservadores fracassaram em manter sua maioria parlamentar.

Confiante em uma vitória folgada, May convocou uma eleição antecipada para fortalecer sua posição na negociação do Brexit, mas, em uma das noites mais sensacionais da história das eleições britânicas, um Partido Trabalhista renascido privou os conservadores de uma vitória contundente e mergulhou o país em um turbilhão político, já que nenhum vencedor claro emergiu da disputa.

Líderes da União Europeia expressaram temores de que a perda da maioria parlamentar por May possa atrasar as conversas sobre o Brexit, que estão marcadas para começar no dia 19 de junho, e assim aumentar o risco de que as negociações fracassem.

Jeremy Corbyn, o rival trabalhista de May antes visto por seus adversários como carta fora do baralho, disse que a premiê deveria renunciar e anunciou que deseja montar um governo de minoria.

Mas May, enfrentando críticas por ter feito uma campanha morna, está determinada a se manter no cargo. Logo após o meio-dia, a primeira-ministra saiu do Palácio de Buckingham para pedir a permissão da Rainha Elizabeth para formar um novo governo --uma formalidade que faz parte do sistema britânico.

Com os resultados de 649 das 650 cadeiras divulgados, os conservadores haviam conquistado 318 vagas e os trabalhistas, 261.

O resultado surpreendente impulsionou o Partido Democrático Unionista (DUP), legenda de centro-direita da Irlanda do Norte, ao papel de importante aliado do governo, com suas 10 cadeiras sendo suficientes para dar aos conservadores uma frágil, porém viável parceria.

"Nossos dois partidos desfrutam de um forte relacionamento ao longo de muitos anos e isso me dá confiança para acreditar que nós seremos capazes de trabalhar juntos no interesse de todo o Reino Unido", disse May.

Isso provavelmente implicaria em um acordo no qual o DUP apoiaria o governo conservador em votações no Parlamento, mas não formaria uma coalizão formal.

Entretanto, com a aproximação das conversas complexas sobre o divórcio com a União Europeia, não está claro qual direção a aliança irá tomar e se o chamado "Brexit duro", que tiraria o Reino Unido inclusive do acordo de mercado único, ainda pode ser realizado.

© Reuters. Primeira-ministra britânica, Theresa May, deixa residência oficial na Downing Street a caminho do Palácio de Buckingham, após eleições no Reino Unido

Depois de conquistar sua própria cadeira no Parlamento no norte de Londres, o trabalhista Corbyn disse que a tentativa de May de conquistar um mandato mais robusto saiu pela culatra.

"O mandato que ela conseguiu foi perder assentos dos conservadores, perder votos, perder apoio e perder confiança", disse.

(Reportagem adicional de Guy Faulconbridge, Alistair Smout, David Milliken, Paul Sandle, William Schomberg, Andy Bruce, William James, Michael Urquhart e Paddy Graham em Londres, Padraic Halpin in Dublin)

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