Por William James e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - O Partido Conservador da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, retomou nesta quarta-feira as conversas sobre um acordo para aumentar sua força no Parlamento, enquanto a premiê enfrenta uma batalha a respeito de sua estratégia para a desfiliação britânica da União Europeia, a poucos dias do início das conversas formais de separação.
Enquanto o Reino Unido entra em seu sexto dia de turbilhão político, a equipe de May continua a conversar com o Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP) para tentar conquistar seu apoio no Parlamento, já que May não obteve uma maioria parlamentar na eleição de quinta-feira.
Mas um incêndio fatal em um edifício de Londres pode adiar o anúncio de qualquer acordo, relatou Norman Smith, repórter de política da BBC, que ainda disse que as negociações do Brexit também podem ser adiadas.
A aposta eleitoral fracassada de May a deixou tão enfraquecida que sua estratégia para o Brexit passou a ser debatida publicamente dentro de seu próprio partido, e dois ex-premiês lhe pediram para suavizar sua abordagem.
Depois de mais de uma hora de conversa entre May e a líder do DUP, Arlene Foster, a primeira-ministra afirmou que a discussão foi produtiva, e Foster disse esperar que um acordo possa ser feito "mais cedo, e não mais tarde".
Apesar da incerteza sobre sua capacidade de governar, May confirmou que as tratativas do Brexit --que devem ser as conversas internacionais mais complexas que o Reino Unido realiza em décadas-- irão começar na semana que vem, tal como planejado.
"Existe uma unidade de propósito entre as pessoas no Reino Unido", disse ela após uma reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris.
Mas é cada vez maior a pressão para que May mude de curso no tocante ao tipo de Brexit que seu país deve buscar. O jornal The Times noticiou que o ministro das Finanças, Philip Hammond, irá induzir May a não retirar o país da união alfandegária, um arranjo que garante um comércio livre de tarifas dentro do bloco, mas proíbe que seus membros fechem acordos comerciais com terceiras partes.
O jornal não citou suas fontes e o Ministério das Finanças não quis comentar, mas a reportagem ilustrou o desafio que May irá enfrentar nos dias restantes até o início das negociações: encontrar uma posição que satisfaça tanto as facções pró-Europa quanto eurocéticas de sua sigla.
(Reportagem adicional de Alistair Smout e Elisabeth O'Leary)