Por Lizbeth Diaz
TIJUANA, México (Reuters) - O muro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está longe de construído, mas protótipos de concreto e aço em San Diego estão fazendo com que mexicanos que vivem ao sul da fronteira sintam que sua promessa de campanha os transformou em “párias”.
Oito modelos de até nove metros foram completados na semana passada próximos à travessia fronteiriça de Otay Mesa, no primeiro sinal tangível da promessa de Trump de construir um muro da Califórnia ao Texas, custando cerca de 21,6 bilhões de dólares.
Oposta a San Diego, moradores da cidade mexicana de Tijuana, onde casas, companhias e parques estão contíguos a uma cerca ondulada de aço na fronteira, temem a possibilidade de trabalho com um muro permanente.
“As pessoas ainda vão cruzar por necessidade, mesmo que eles nos vejam como párias do lado de lá”, disse a estudante Paola Gomez, de 21 anos, ao lado de sua casa, conforme o som de trabalhadores colocando o muro ultrapassava a fronteira.
“É assim que coisas como o muro se parecem: eles nos veem como párias. A pior coisa é que está sendo construído por latinos.”
Trump prometeu frequentemente durante sua campanha presidencial construir o muro para ajudar a combater imigração ilegal e crime nos Estados Unidos.
Ele lançou sua candidatura em junho de 2015, acusando mexicanos de enviarem estupradores e traficantes de drogas para os Estados Unidos, em comentários que geraram ampla indignação a sul da fronteira.
Moradores de Tijuana disseram ter ouvido trabalhadores falando em espanhol ajudando a construir os protótipos, gerando a ironia de mão de obra latina sendo usada para combater imigração da América Latina.
“Eles precisam de mexicanos e outras pessoas sem documentação. Eles poupam muito dinheiro conosco”, disse Manuela Altamirano, de 42 anos, que observava de sua casa enquanto partes do muro eram colocadas. “Trump frequentemente faz coisas para humilhar o povo mexicano... Estes muros são como monstros que ele criou, como uma fronteira Frankenstein”.